1 – Atitudes simples podem significar muito pro outro!
Como você é? Qual roupa você escolheu para esse evento? Em que cenário você tá?
Começar a sua apresentação respondendo questões como essas mostram uma atitude muito gentil, sensível e empática com o público deficiente visual que está participando do seu evento.
Esse ato tem sido adotado em muitas produções, principalmente as que ocorrem no meio digital (taí um bom legado que “o ano das lives” nos deixou, não é mesmo?).
Em alguns eventos do ClubHouse, app exclusivo de voz, esse tipo de apresentação se tornou padrão.
A descrição desses elementos visuais contribui na construção imagética de quem está participando como ouvinte e gera uma aproximação e sentimento de acolhimento desde os primeiros minutos.
2 – Acessibilidade no check-list desde o começo
Muitas pessoas argumentam que estratégias acessíveis comprometem o orçamento do evento.
Isso acontece justamente por estarem sendo encaradas como um custo.
Que tal virarmos essa moeda e enxergarmos essa possibilidade como um investimento?
Hoje no Brasil existem pelo menos 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, isso representa mais de 20% da população!
Uma grande fatia do mercado que precisa ter mais opções de entretenimento. Já pensou nisso?
Encantar esse público é um caminho para fidelizar pessoas que podem dar preferência ao seu evento se a experiência tiver sido positiva.
A acessibilidade, então, deve ser uma questão levada a sério desde o início.
Conforme o evento internaliza essa prática como um propósito, e a encara como algo estratégico e estrutural, existe mais tempo para contratar fornecedores e ter um planejamento que de fato seja interessante tanto para os produtores quanto para o público.
O “caro” de hoje acontece muito pela falta de demanda. Ao passo que esse serviço vai sendo mais requisitado, ele se torna mais acessível também.
3 – Pense sobre as barreiras de acesso
É comum que os produtores pensem em como será a experiência do público com necessidades especiais no dia do evento.
Mas e o que vem antes disso?
O primeiro contato que a pessoa tem com um evento é a bilheteria, por exemplo.
No “ao vivo”, existe um procedimento para atender essas pessoas? Uma equipe preparada para prestar suporte?
Um erro comum é se planejar para atender apenas um tipo de necessidade especial, não levando em consideração que existem diversos tipos de limitações.
É necessário entender as especificidades das diferentes deficiências para facilitar os pontos de contato do evento.
Pessoas com deficiência visual utilizam o braile (sistema de escrita com pontos em alto relevo), por exemplo, para a leitura física, já no digital, contam com a ajuda de softwares de leitura.
O comando por voz é acionado por pessoas com limitações motoras severas (como tetraplégicos), essas são as chamadas tecnologias assistivas.
Na hora de produzir conteúdo, é fundamental levar em conta o uso dessas ferramentas assistivas, pensando em como os textos, vídeos e imagens serão adaptados.
4 – Sua estratégia de comunicação fala com esse público?
Existe também o pensamento retrógrado de que o percentual de pessoas com deficiência nos eventos é muito pequeno e por isso não vale a pena investir em estratégias que contemplem a todos.
Já parou pra pensar que talvez essas pessoas não ocupem esses espaços justamente por não saberem se terão uma boa experiência? Como se cria o desejo de participar de um evento que não conversa com elas?
A campanha publicitária precisa traçar estratégias sobre como atingir e conquistar esse público.
Terá um intérprete de libras nos vídeos de comunicação? Textos alternativos para que os programas adaptados para deficientes visuais possam ler?
Dica: nos seus vídeos de after, mostre pessoas com deficiência, mostre que seu evento as recebe e que elas têm áreas e serviços especialmente criados para PCDs.
Quando a pessoa se vê, ela entende que aquele é um espaço para ela também.
5 – Muito estudo para um bom planejamento
Pessoas são plurais, as dificuldades de uma pessoa e de outra são diferentes e isso precisa ser levado em consideração.
Para criar um evento de fato para todes, é preciso estudar – e muito! Inclusive, já existem profissionais dedicados a isso.
Os consultores de acessibilidade são peças chave nessa concepção de um evento mais acessível e democrático.
Além disso, os intérpretes de libra precisam entender qual o contexto do evento que vão trabalhar.
Em um evento musical, por exemplo, é preciso ter um conhecimento prévio sobre os instrumentos musicais que vão aparecer, o estilo de música que vai ser tocado, etc, tudo isso para garantir mais naturalidade e uma melhor experiência para quem está participando.
6 – Comunidade surda nos shows
A comunidade surda não tem muito o costume de participar de shows musicais, teoricamente, porque música é só para quem “escuta”.
O filme “O som do silêncio” (vencedor da categoria “melhor som” no Oscar 2021), é ambientado em uma atmosfera musical e mostra a redescoberta da escuta e das sensações. Indicamos assistir ao filme e fazer esse exercício de se colocar no lugar do outro.
Existe um grande debate sobre as legendas em shows ao vivo, já que a maioria das legendas geradas automaticamente cometem muitos erros e também contribuem na perda da originalidade do artista.
De fato existem alguns desafios com relação a isso, mas a verdade é que o estímulo à participação de pessoas com deficiência em espaços culturais é justamente o caminho para que novas tecnologias surjam para sanar essa carência.
É preciso dar o primeiro passo. Se nos adaptamos a tantas transformações ao longo da história, podemos sim fazer com que soluções acessíveis se tornem estruturais.
E com isso, todo mundo sai ganhando.
Pode ser que seu evento em um primeiro momento não seja o mais acessível de todos, mas fazer o que está ao seu alcance já pode fazer toda a diferença na vida de alguém.
Bora começar?
Faça parte da 1ª Comunidade de Criadores de Experiências do Brasil!