A empresária produtora musical e DJ Ana John, representa o empoderamento feminino no mercado de música, criou lastro e reputação sólidos e seguiu seus caminhos , mostrando que o poder de uma curadoria bem feita abre portas e múltiplas possibilidades num mercado cada vez mais expansivo como ma música.
Ao entrar em contato com ela, nota-se uma energia intensa, como se ela estivesse ligada numa tomada 220 volts, com excelente aterramento dado ao foco e pés no chão nas suas atitudes e resultados.
O sorriso e risadas quebram o gelo e logo revelam uma mente ambiciosa e empreendedora.
No final de 2019 ela lançou o single “Menino Mulato” (ouça no Spotify pelo link:
pela Warner Music, um house com pegada latina com pegada gostosa.
O single foi o estopim para um replanejamento pessoal onde deixou a capital paulista, atravessou o Atlântico e agora baseada na Europa promete extender os seus tentáculos, além de ter entrado para o casting da DJ Sound Music na Universal Music no início deste ano, onde também é A&R, o que reforça o seu lado headhunter de boa música.
Falamos
com a bela num inside total desde suas origens até o momento atual da era
Codiv-19, onde ela espera se reinventar ainda mais.
Fale
um pouco do primeiro contato com a música no geral, e o contato com a música eletrônica?
Meus pais ouviam muito jazz, bolero, ópera e músicas clássicas em casa.
Ainda criança ganhei um piano de aniversário e comecei a estudar música erudita.
Na adolescência passei a ouvir Punk, Rock, Pop e consumir música.
O contato com a música eletrônica se deu no “boom” do Kraftwerk, quando vivi na pele esse momento. Eu tinha uns 15 anos na época.
De onde veio a ideia de se tornar DJ? E o lado de produtora musical como aflorou?
Ainda adolescente fazíamos os famosos “bailinhos” de garagem e eu controlava a vitrola.
Quando comprei o meu primeiro computador, digitalizei os discos e passei para o Ipod.
Em festas de amigos eu soltava uma playlist e fazia sucesso.
Mas foi quando eu vi o DJ Milton Chuquer tocando pela primeira vez que me encantei e tomei coragem.
Na sequência entrei na Beatmasters para me profissionalizar, onde estudei também o Ableton Live e comecei a produzir trilhas para o mercado corporativo.
Qual a sua visão como DJ e produtora musical num mercado cada vez mais competitivo como o do Brasil, e do exterior?
Vejo muitas oportunidades! Apesar de competitivo, as plataformas digitais são acessíveis a todos.
A questão é como se diferenciar, trabalhar a comunicação, o marketing e a promoção.
Ferramentas indispensáveis.
Como vê o mercado feminino na música eletrônica?
No seu melhor momento. Nunca tivemos tantas mulheres nas pick-ups e
ainda é pouco se compararmos com a quantidade de DJs do sexo masculino. Muita
gente talentosa, de todos os estilos.
Existe ideia de algum álbum após lançar singles e músicas para clientes corporativos?
Meu foco sempre foi a produção musical para as marcas.
Não tenho a pretensão de produzir comercialmente, tenho muito que aprender e estudar ainda.
Para o corporativo, tenho a intenção de lançar um álbum específico para sonoplastia de plenárias, música ambiente… temos uma demanda reprimida.
Como é o seu processo de composição?
Começo sempre no piano. Adoro criar temas para os vários momentos de um
evento.
Qual é o processo de seleção musical para curadoria de um cliente corporativo?
Tudo começa com um bom briefing do cliente.
Criei um questionário musical que envio para o cliente no início.
Busco entender o posicionamento da marca, o comportamento de seus concorrentes, a atmosfera que se quer criar musicalmente.
A partir daí, pesquisa, escuta e seleção.
Qual o set-up atual do seu estúdio?
Vendi meu estúdio há alguns anos, mas era bem básico: um piano Yamaha, um teclado Nord Lead, monitores, uma controladora M-Audio e outra Pioneer, mesa de som Mackie, tudo ligado no Imac e Ableton Live.
Uso os estúdios da Beatmasters atualmente.
Qual foi a decisão mais importante na sua vida para dedicar-se a música de forma profissional?
Deixar de trabalhar no corporativo como executiva.
Tenho uma carreira na área do audiovisual e trabalhei por anos em multinacionais.
Porém com as oportunidades do mercado na área da música, entendi que era o momento de empreender.
A partir de que momento passou a planejar sua carreira? Recorreu a algum profissional para lhe orientar?
Comecei a planejar a transição do corporativo para uma carreira solo ainda quando eu trabalhava em agência de propaganda.
Criei a minha própria agência de artistas e produção musical chamada Colours Live, paralelamente ao meu trabalho como DJ.
Não recorri a ninguém.
Descobrindo os meandros da profissão o que lhe motivou, qual foi seu maior desafio até aqui?
A mudança de país. Apesar de todo o planejamento que antecedeu à minha vinda, cheguei 15 dias antes do estouro do Covid-19 e ainda estamos todos nos adaptando à este momento e ao que virá depois dele.
Qual foi o maior maior mindset no segmento até o momento para você?
O atual. Como nos reinventarmos após o Covid-19.
Depois de tanto tempo na estrada você deve ter muitas
histórias engraçadas e até casos não tão legais. Contem para nós
um de cada desses momentos?
Um caso engraçado foi quando eu toquei com o Paralamas do Sucesso e quis conhecer o Hebert Vianna.
Quando o show acabou, antes de voltar a tocar, eu o vi saindo e ao tentar falar com ele fui barrada pelos seguranças, e gritei “Hebert, sou a DJ que abriu pra vc”.
Ele imediatamente me recebeu, me colocou sentada na sua cadeira de rodas e começou a passear comigo no estacionamento.
Um cara sensível e que eu admiro muito. Um fato ruím foi sair do Brasil para tocar em Berlin e ver as minhas gigs canceladas pelo Covid-19.
Expectativa x realidade. rsss
Qual é o lado mais bacana dessa profissão e o lado por vezes mais desagradável?
Trabalhar com um dos maiores pilares do entretenimento, estar num ambiente artístico e conhecer talentos no mundo todo é o mais bacana pra mim.
O lado mais desgastante é o ego de muita gente e o preconceito ainda existente com as mulheres na música de maneira geral, não só DJs mas musicistas e cantoras.
Aonde quer estar nos próximos cinco anos?
Aqui mesmo na Europa, trabalhando nos diversos países do Espaço Schengen.
Agora na Europa quais são os planos?
Abrir a agência Colours em Portugal e trabalhar não só como DJ mas principalmente assessorando artistas locais, promovendo o intercâmbio de artistas com o Brasil, caçar talentos para a DJ Sound (risos), Advanced Music e Universal Music, produzir festivais na Alemanha com os meus parceiros de lá, estudar e me aprimorar cada vez mais.
Na sua visão quais são os maiores diferenciais da Ana John para o mercado de música?
A carreira que construí antes de me tornar DJ que me abriu inúmeras portas.
O fato de ser publicitária, de ter trabalhado em grandes agências, me dá ferramentas para criar, planejar, vender e implementar projetos.
Qual foi seu primeiro disco que você comprou?
O Abbey Road, dos Beatles. Um clássico.
Qual foi a primeira música que te impactou de fato?
Na verdade, não foi uma música só, mas sim o álbum “The Wall”, do Pink
Floyd, onde todas as músicas juntas, além de construírem uma narrativa incrível
e inusitada para a época, discutem temáticas importantes como a guerra e o
autoritarismo, a ideologia e a sociedade.
Tem algum hobby fora música?
Ciclismo.
Há anos não tenho mais carro, faço tudo de bike e amo pegar uma estrada com a magrela.
Um
sonho já realizado na música?
Ter tocado em Nova York na turnê da cantora Vanessa Falabella e em Roma para
a Dolce & Gabbana.
Um sonho a ser realizado na música?
Um sonho que não é só meu, mas de todos nós.
Que essa pandemia acabe e que todos os profissionais da música e do entretenimento de maneira geral, possam voltar às suas atividades, que tenham oportunidades de trabalho, que o mercado se restabeleça e que a Terra seja um planeta melhor para se viver.
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by Gonçalo Vinha e pics by @paulouras – Paulo Uras