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Bianca Rocha apresenta ato de reexistência em ‘Fim de Mundo’

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Disco, disponível em todas as plataformas digitais, vem embalado por 8 faixas de uma MPB cheia de frescor.

Elementos jazzísticos, latinos e afro-brasileiros estão entre os arranjos criados por Rodrigo Simões

Ouça e assista aqui: 

Depois de recentemente lançar a romântica ‘Despenteados’, com videoclipe protagonizado por pessoas trans, Bianca Rocha entrega o seu primeiro disco solo.

‘Fim de Mundo’, já disponível em todas as plataformas digitais, é música popular brasileira, cheia de frescor, com reflexões sinceras sobre essência, origem e lugar.

Ao longo de 8 faixas, temas como ansiedade e processos de gentrificação também ganham destaque.

“Essa é a trilha sonora para quem tem vontade de reconstruir, ressignificar e reestruturar tudo depois da tempestade, sem deixar que os velhos e péssimos padrões continuem em vigor.

Aqui, faço também um álbum-retrato dessa cantora interiorana, nascida no Paraná, e que vive em Montreal desde abril de 2019, convivendo com diversas culturas, sotaques e ritmos.

Esse trabalho resgata a minha infância e conta um pouco da minha história.

Tem um tom particular, mas ainda assim é sobre as conexões com o coletivo”.

Na sonoridade, madura e ao mesmo tempo divertida, o baixo acústico de Erivan Duarte traz a coloração mais densa, dramática e jazzística.

O violão de Rodrigo Simões soma uma pegada mais tropical. 

A guitarra de André Galamba traz a conversa entre as cordas e vem pra quebrar a seriedade com frases marcantes e contrapontos.

A bateria e percussão de Lara Klaus amarra todos esses elementos com suingue latino americano recifense.

Nas participações especiais, Mafer Bandola (Venezuela), Gabriel Schwartz e Vitor Cabral.

Rosa Passos, Elza Soares, Esperanza Spalding, Hermeto Pascoal e Bobby McFerrin são algumas das principais inspirações de Bianca Rocha. 

“Vale destacar que nesse CD aposto muito em uma pluralidade linguística.

Embora o registro seja majoritariamente feito em português, tem refrão em espanhol, faixa em francês e um poema em italiano”.

FAIXA A FAIXA POR BIANCA ROCHA

Reflexos:

Em uma manhã de sol após terminar meu café, vi meu rosto sendo refletido no fundo da xícara e fiz uma foto e um poema que saiu de uma vez só.

A ideia veio a partir de uma reflexão que vinha fazendo sobre o período de isolamento em 2020.

Com o trabalho online, estava exposta ao meu rosto todos os dias pela câmera, além dos vidros e  espelhos que temos pela casa.

Tanta exposição me fez acompanhar de perto o processo de envelhecimento do meu corpo que em dias normais nem seria percebido,  o que acabou superdimensionando os processos naturais. 

Fim de mundo:

Fim de mundo é recomeço, é lançar um olhar otimista sobre as inúmeras vezes em que nosso mundo acaba e temos a oportunidade de nos reestruturar, renascer, reexistir.

Ela foi composta durante os primeiros meses da pandemia a partir de dois poemas de Kleber Bordinhão, “Experiência” (Ano Neon, 2017) e  “Dos próximos” ainda não publicado.

O interessante foi unir esses dois sentimentos, o dos diários fins de mundo que sentimos em nossas perdas e derrotas da vida e o do medo de extinção que passamos durante a pandemia e tendemos a continuar sentindo enquanto medidas severas não forem tomadas para frear o aquecimento global. Precisamos nos reestruturar, ressignificar nossa existência para que deixemos um bom mundo aos próximos.

E só assim “O passado restará aos próximos /  Memória, matriz e âmago / E o povo será de próximos / Humanidade por gente / Fronteiras por frentes / Do íntimo ao público aposto / O amor será de próximos”.

Basta Clarear / Ama:

Basta clarear é uma canção de Du Gomide que fala sobre não deixar pra depois e reservar um tempo pra prestar atenção nos pequenos belos momentos da vida.

Após ouvir e dançar a canção a canadense Valérie Curro Khayat artista multidisciplinar escreveu esse poema lindíssimo em italiano intitulado Ama, que reforça o sentido do texto da canção e nos encoraja a amar intensamente.

Essa surpresa me fez revisitar minha infância, me ligando novamente a essa língua belíssima que estudei quando ainda era criança. 

La noirceur:

Essa música foi composta originalmente em português e surgiu quando observei que duas pessoas que amo muito sentem muito medo quando uma tempestade se aproxima.

Anos depois, após ser diagnosticada com transtorno de ansiedade,  encontrei essa canção esquecida e ela se ressignificou em minha cabeça como a descrição de uma crise de ansiedade. 

Mas ela ainda não estava pronta, decidi então acrescentar mais uma estrofe e contei com a ajuda de um amigo francófono Charles Girard Boudreault que fala muito bem o português para fazer a adaptação da letra em francês. 

“Às vezes a noite vem no meio de um dia ensolarado, o importante é lembrar do mantra que vai passar, vai passar, vai passar.” 

Despenteados:

Essa canção descreve um amor que se constrói levando-se em conta as diferenças entre cada um e percebendo a beleza de crescer como ser humano lado a lado da pessoa amada. 

Um amor que transforma, revoluciona, melhora nosso olhar ampliando nossos horizontes e ao mesmo tempo nos deixa livres pra sentir o vento bagunçar nossos cabelos.

Demolição:

Demolição fala sobre gentrificação do ponto de vista da vítima, o sentimento de uma pessoa que tem sua casa demolida para a construção de algo lucrativo para outrem.

A tristeza de perder tudo aquilo que construiu, o desespero de não saber pra onde ir, a angústia da espera pra essa demolição agendada, mas também a esperança que nós brasileiros levamos sempre no peito que amanhã é um novo dia e tudo vai ficar bem.

Vida no Interior:

Esse disco quase se chamou essência, origem e lugar, que está na frase que canto no final dessa música que escrevi pra nunca me esquecer de onde eu vim.

Compus essa letra para o tema de Rodrigo Simões de Auckland a Curitiba, originalmente instrumental e ela fala de cenas de minha infância caipira no interior do Paraná.

Neblina caindo, amanhecer bem branquinho de geada, teias de aranha congeladas nas frestas das cercas que somem nas primeiras horas da manhã, a criança que enche a camiseta com os pinhões que encontra pelo caminho, a liberdade de crescer no interior e poder desfrutar da natureza.

Singelezas que me permeiam no dia após dia e estarão sempre guardadas em minha memória.

Donna Lee:

Essa versão em frevo desse tema tão conhecido do repertório de jazz, simboliza para mim como intérprete a liberdade, liberdade de escancarar sua visão de mundo e seu “sotaque musical” de um jeito divertido e leve.

Reverenciando os grandes instrumentistas brasileiros e sua criatividade infinita para expressar a alegria.

SOBRE BIANCA ROCHA

Nascida na região sul do Brasil, em Ponta Grossa – PR, Bianca Rocha cresceu cantando as singelezas da vida.

Aos 6 anos, a menina de voz forte ganhou seu primeiro troféu como intérprete em um rodeio gaúcho.

Durante a infância, foram quatro títulos estaduais e um nacional. 

De lá pra cá, foram muitos os festivais e programas de TV cantando MPB, bossa e jazz.

Participou de discos de nomes como Du Gomide, Alisson Camargo e Florian Bill; também compôs e produziu quatro álbuns infantis.

Em 2019, mudou-se para Montreal, no Canadá.

Lá foi convidada para participar do Festival Internacional Nuit’s d’Afrique, foi selecionada para a série DÉCLIC e participou de discos de artistas como Rodrigo Simões, Diogo Ramos (assinando os arranjos vocais) e Guillaume Dion, que a convidou para dar voz a uma versão de “Como Nossos Pais”, de Belchior para um projeto multicultural, no qual cantoras de diversas nacionalidades interpretam faixas emblemáticas de suas culturas.

Atualmente, dedica-se ao seu primeiro disco solo, ‘Fim de Mundo’.

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