Primeira cypher do gênero no Brasil, single reúne Kunumi MC e os grupos Oz Guarani e Brô MC’s, pioneiros no rap nativo
“Resistência nativa”, single lançado no dia 28 de maio pela gravadora Matte! Records, já nasceu grande: é a primeira cypher indígena produzida no Brasil – com versos em português e guarani.
A união do rapper Kunumi MC com os grupos Oz Guarani e Brô MC’s, pioneiro do gênero no país, gerou uma música potente, que ao mesmo tempo denuncia o extermínio dos povos originários e dos recursos naturais, oferece uma conexão com o ouvinte – a sensação de pertencimento é inevitável.
A faixa foi produzida por Vinícius Flausino (Healing Fox), autor do beat e da mixagem.
A masterização ficou a cargo de Alwin Monteiro.
O clipe de “Resistência nativa”, dirigido pelo produtor audiovisual Leo Solda, abre com o escritor Olívio Jekupé, pai de Kunumi MC, exaltando a mensagem passada durante o cypher.
“Rap escrito com pensamento nativo, que retrata uma realidade, não uma ficção, e sim uma tradição vivida de coração que irá nos contar nessa canção”, declama o poeta, que vive na aldeia Krukutu, em Parelheiros (SP).
São sete minutos de versos contundentes e abordagens diferentes, do Trap ao Speed Flow.
As filmagens, realizadas também em Jaraguá (SP) e Dourados (MS), terra dos grupos Oz Guarani e Brô MC’s, respectivamente, enriquecem o discurso dos cantores.
Mesmo jovem, aos 20 anos de idade, Werá Jeguaka Mirim, o Kunumi MC, tem muita história para contar.
Em 2014 foi convidado para representar a causa indígena na abertura da Copa do Mundo e ficou conhecido mundialmente por ter levantado a faixa “Demarcação já”.
Com um EP e um álbum gravados, incluindo uma parceria com Criolo, Kunumi também publicou dois livros e estrelou o documentário “My Blood Is Red”, da produtora britânica Needs Must Film, que retrata a realidade de povos de diferentes etnias.
Primeiro grupo do gênero no Brasil, Bruno, Clemerson, Kelvin e Charlie, do Brô MC’s, são das aldeias Jaguapiru e Bororó, no Mato Grosso do Sul, e desde 2009 tentam aproximar o público não indígena da luta do seu povo.
Em 2016, o quarteto teve a sua história contada pela série Guateka, que foi transmitida pelo canal Futura e está disponível em streaming via Canais Globo.
Ainda no audiovisual, os Brô MC’s serviram de inspiração para o roteiro do filme “A pele morta”, que ainda está em fase de produção.
Em 2019, o grupo participou do Yby Festival, o primeiro festival indígena do Brasil.
Desde 2014, os rappers Xondaro e Mirindju, do duo Oz Guarani, residentes da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo, se colocam contra a PEC 215 (Proposta de Emenda à Constituição) e evidenciam a necessidade da demarcação de terras indígenas, para devolver aos povos originários o direito de viver a sua própria cultura.
Durante essa trajetória de luta, Oz Guarani já teve outros dois integrantes, Vlad MC e Gizeli Vital, que tiveram de se mudar para outras aldeias.
A música mais conhecida do grupo é “O índio é forte”, que conta com clipe no Youtube.
Sons indígenas
Criada em 2021 pelo produtor musical e engenheiro de som Vinícius Flausino e pelo produtor audiovisual Leo Solda, a Matte!
Records é a primeira gravadora especializada em música executada por indígenas.
O nome “Matte!” foi escolhido em homenagem à etnia guarani, conhecida pelo uso milenar da erva mate, utilizada como chimarrão e tereré.
A meta da empresa é colocar no mercado cantores, compositores, músicos e arranjadores indígenas que se destaquem por seus talentos e suas mensagens.
Link do clipe: https://bit.ly/3uBIGDK
Link da música: https://spoti.fi/34yCqSU