Guiado pelas batidas da cultura popular, do Rap, da Soul Music e do Samba, o projeto é composto por 5 canções e um videopoema produzido para a faixa “Meu Chão”.
Aghata Saan, Kenya20hz, Will Cavagnolli, Gabriel Alves e Jonathas Noh assinam a produção musical .
Dêssa Souza cresceu em quintais de terra, com modas de viola tocadas ao vivo perto da fogueira por seu avô e tios-avôs.
Nos bailinhos da família, ouvia Johnny Rivers ou Bee Gees direto dos vinis curtidos por seus pais, tios e tias.
Agora, misturando um tanto de sua alma interiorana com as batidas da cultura popular, do Rap e da Soul Music, divulga seu primeiro EP, ‘Camadas’.
Composto por 5 faixas, entre autorais e parcerias, registro apresenta essa que é uma mulher preta, mãe, artista, produtora, periférica, de sangue baiano-mineiro-negro-indígena, da poesia, do teatro, das descobertas constantes em torno da ancestralidade e bem mais.
Logo na abertura, ‘Meu Chão’ tem texto e som captados em casa pela própria cantora e sob orientação remota de Gago Ferreira, que trabalha a musicalização através de sons do cotidiano.
“A proposta era desenhar algo intuitivamente e em seguida “ler” aquele desenho tal como uma partitura e executá-lo sonoramente.
A porta veneziana do guarda-roupas virou um reco-reco e palmas com plásticos sendo amassados são o fundo musical do poema que tem vídeo acompanhando essa estreia”.
Em seguida, uma nova versão para ‘Dia de Vale’. “Esse som marcou a minha chegada no movimento de cultura da zona sul de São Paulo no ano de 2007.
Foi gravada na coletânea do projeto Encontro de Compositores, do músico Gunnar Vargas, e desde então segue sendo tocada em saraus e festivais da Zona Sul.
Apesar de já ter sido feita há 14 anos, continua muito atual e retrata o dia de trabalho de um homem e de uma mulher periférica”.
‘Afago à Distância’ foi inspirada em uma série de encontros para dançar ou assistir danças virtualmente no projeto Corpo Hospedeiro, realizado pela bailarina Maytê Amarante.
A melodia traz um sambinha simples, com base eletrônica e vibrante, em uma tentativa de carinho para o momento de saudades e tristeza coletiva causadas pela pandemia de Covid-19.
Em ‘Rio Mulher’, Dêssa faz uma saudação às forças femininas que vieram antes e que abriram tantos caminhos pra que, agora, mulheres possam ser o que quiserem.
“Essa foi escrita em parceria com o bailarino e ator Ton Moura, como parte da dramaturgia do espetáculo que está em construção pelo Bando Trapos, coletivo que participo”.
Fechando com um grito de liberdade, ‘Menina que Embala’ é um texto que nasceu como poema, em 2012, feito para a primeira antologia do Sarau do Binho.
“Em novembro de 2019, em uma performance que co-criei e atuei, ele foi recitado pela poeta Nicoly Soares e, desde então, ficou o desejo de transformar aquilo em música.
Em 2020, no período de afastamento social, eu concretizei – com arranjo de Augusto Iúna e Jonathas Noh.
O resultado é um retrato breve do laranja e cinza das periferias.
É dor, luta, mas também é amor de monte, é festa e sorriso.
A mensagem é que nós mulheres merecemos ser o que somos, merecemos ser livres pra fazer o que quisermos e poder andar sem medo, sem medo de ter nossos corpos violentados e sem medo de que nossos filhos ganhem o mundo com confiança, sem que alguém os violente.
E merecemos porque somos potência, porque a gente é que constrói o mundo com nossas mãos, somos nossas próprias bases e as bases de nossas comunidades”.
Disponível em todas as plataformas digitais, ‘Camadas’ foi construído coletivamente e com canções produzidas por Aghata Saan, Kenya20hz, Will Cavagnolli, Gabriel Alves e Jonathas Noh, do Quebrada Groove, que também é responsável pela masterização do projeto.
O lançamento, realizado de forma independente, foi organizado pela coletiva articuladora cultural Pin Rolê Invenções.
Ouça aqui:
Dêssa Souza – Camadas (EP 2021) (Ficha técnica completa na descrição)
Assista aqui:
Vídeo Poema – Meu Chão (Ficha técnica completa na descrição)
SOBRE DÊSSA SOUZA
Mãe, cantora, palhaça, artista de teatro e produtora cultural atuante desde 2006, integrou o movimento de arte e cultura da periferia sul da cidade de São Paulo no ano de 2008 como cantora da Banda Preto Soul.
Em 2011, iniciou seus estudos de teatro, música e culturas tradicionais na Escola Popular de Teatro CITA, onde de aprendiz passou a ser integrante da “Trupe Artemanha de Investigação Teatral” até o ano de 2014.
Na Banda Preto Soul caminhou ao lado por 10 anos. Já cantou na 40ª Feira do Livro de Buenos Aires, em parceria com o Sarau do Binho – coletivo que esteve ativamente envolvida entre 2008 e 2015.
Esteve no projeto Casamento de Chiquinha e Luiz Gonzaga, com o Grupo de Choro Sapato Branco. Gravou na coletânea Mulheres Periféricas Cantam (SP, 2010) e na Coletânea Encontro de Compositores (SP, 2007).
Colaborou com o Naipe de Percussões Ilá Dudu do Teatro Solano Trindade (Embu das Artes, SP) sob a direção de Vitor da Trindade. Co-criou o experimento cênico Gingas e Narrativas – 2019.
Desde 2014 participa do coletivo teatral Bando Trapos e acaba de criar, dentro do grupo, um núcleo de estudos cênicos para trocas entre mulheres.
Atualmente, dedica-se ao lançamento de seu primeiro EP ‘Camadas’.