Com sua primeira edição realizada em 1965, o Vilar de Mouros passou a se destacar em 1971 e cresceu, com percalços e interrupções durante um período, até ser considerado um dos festivais obrigatórios do verão português e por onde já passaram nomes como Elton John, The Cure e U2.
Localizado no norte do país e a uns 20 minutos de Espanha, Vilar de Mouros pertence ao município de Caminha e assim como outro importante festival de culto de Portugal, o evento também se situa às margens do Rio Coura e sua paisagem envolvente.
Organizado pela Surprise & Expectation, desta vez optou-se por apenas um palco e utilizou aquele espaço para ampliar e propiciar maiores opções na zona da restauração. Também há uma ampla zona de campismo e estacionamento.
O cartaz deste ano teve alguns cancelamentos, principalmente dos dois principais nomes que se apresentariam na sexta-feira, LIMP BIZKIT e HOOBASTANK, e que foram substituídos pelos BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB, CLAWFINGER e SIMPLE MINDS, que se juntaram aos portugueses TARA PERDIDA e NON TALKERS para fechar o alinhamento deste dia, que infelizmente não nos foi possível estar presentes.
O alinhamento teve 5 shows em cada um dos três dias, onde o cabeça de cartaz é o penúltimo a se apresentar.
Desta forma, o primeiro dia foi aberto pela Indie Pop dos portugueses THE BLACK TEDDYS. Na sequência, entraram em ação o duo nova-iorquino BATTLES que são identificados como “math rock”, mistura instrumental com diversas influências onde destaca-se o experimentalismo e a performance feita orgulhosamente ao vivo.
Considerado um dos precursores da música eletrónica, o inglês GARY NUMAN abriu o concerto com “Intruder”, excelente tema do álbum editado durante a pandemia, e fez um concerto dinâmico, enérgico e carismático.
As clássicas “Cars” e “Are Friends Electric?” estiveram obviamente presentes e, assim como algumas falhas técnicas, os 64 anos daquele senhor passaram desapercebidos.
Também oriundos de Londres e um dos principais nomes do cartaz de 2022 do VM, os andrógenos PLACEBO fizeram um belo concerto a legitimar todo o respeito e aclamação recebidos durante os anos 90, porém notou-se que parte daquele brilhante passado não foi apresentado desta vez e temas como por exemplo “Pure Morning”, “Battle for The Sun” e “Every You Every Me” farão sempre falta em concertos da banda.
A atuação destacou-se no terço final e encerrou com a impecável versão de ‘Running Up That Hill’ de Kate Bush, renascida com a série The Stranger Things.
Por outro lado, os SUEDE encerraram a noite com um fantástico concerto a conter todas e tudo o que os fãs possam esperar (ou ainda mais), numa apresentação empolgante e hiperativa do reconhecido performer e vocalista Brett Anderson.
Indubitavelmente o melhor concerto da noite!
O alinhamento de sábado iniciou com os algarvios THE MIRANDAS que trouxeram rock e blues com perfume à Janis Joplin.
Chamados após o cancelamento dos Wolfmother, seguiu-se os portuenses BLIND ZERO a demonstrar muito entusiasmo, rock alternativo com qualidade peculiar e alguns temas do álbum “Courage and Doom” que será editado até o final do ano.
Outro ícone da música portuguesa, Paulo Furtado ou THE LEGENDARY TIGERMAN, nunca dececiona. Faz um “Blues Rock Luso-Americano” vigoroso e ímpar e que sempre deixa o público de boca aberta. Na mesma toada de espetáculos brutais, foi a vez da lenda IGGY POP subir ao palco com seus 75 aninhos de vida. Um dos pioneiros do Punk, o mestre é de vitalidade e performance impressionante.
É de se desconfiar que por dentro daquela couraça envelhecida exista uma pequena criatura alienígena a comandar toda aquela vontade e entusiasmo.
Concerto para a posteridade, como o próprio Iggy solicitou cópia da gravação.
Outros mitos da música mundial e considerados os pais do Gótico, os BAUHAUS foram escalados para fechar as cortinas da edição 2022. Incrivelmente fez-se notar o “fog” natural a tomar conta do recinto para ambientar ainda mais a madrugada que se mostraria inesquecível.
Peter Murphy, Daniel Ash, David J e Kevin Haskins foram brilhantes nos 17 temas apresentados com uma sonoridade impecável e que pouco se difere dos já riscados álbuns e as origens de 1978 em Northampton.
Maravilhoso!
O rescaldo do evento aponta para mais uma edição exitosa e a atingir números históricos, com cerca de 55 mil festivaleiros a passara pelo evento.
O Vilar de Mouros é reconhecido por apresentar cartazes repletos de bandas clássicas e lendárias, ser um festival mais alternativo, poeirento e rústico quando comparado a outros, mas possivelmente seja dessa mistura que venha o encanto e a devoção de gerações e gerações fidelizarem a presença por lá.
A edição de 2023 já esta agendada para os dias 24, 25 e 26 de agosto. Programe-se desde já para este festival que é considerado o “Woodstock Português”.
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especial collab by DJ Luiz Soncini