A Free Beats está de volta! Contemplada pela Lei Aldir Blanc, a festa fará uma edição especial apelidada de Freeland, que se realiza no dia 5 de dezembro, a partir das 10h, com bate-papos, mesa de conversas e muita música, no espaço colaborativo WE SAMPA (R. Gustav Willi Borghoff, 100 – Parque Industrial Tomas Edson, São Paulo – SP, 01144-080). O acesso é gratuito, como todas as edições na rua, porém, para entrar é preciso apresentar a carteira de vacinação com dose dupla da vacina contra Covid-19 (ou dose única), usar máscaras e o distanciamento social será incentivado mesmo que não seja um requisito obrigatório.
Para quem ainda está receoso em estar em lugares fechados, não tem do que se preocupar, os organizadores do evento DJ Mauro Farina e produtor executivo Thiago Pessutto escolheram o WE SAMPA justamente pela possibilidade de ventilação e qualidade do espaço. As mesas serão em um galpão com pé direito alto e bem ventilado e a festa em si acontece ao ar livre num espaço com cobertura para a chuva alta e arejada.
“A festa sempre teve uma produção muito orgânica e cheia de ativismo, por muitos anos lutamos por nosso espaço nas ruas de São Paulo, mas tudo mudou com a pandemia e nós também tivemos que nos reinventar. Lançamos uma pergunta para nos mesmo de como iríamos ressignificar esses espaços durante e pos pandemia e a proposta inicial era sim poder reocupar as ruas, articular com o Poder Público e encontrar uma maneira adequada para essa situação, porém encontramos muitas entraves e infelizmente não conseguimos evoluir. Por isso escolhemos um local público/privado onde pudéssemos receber todes de forma gratuita e com segurança”, explica Thiago Pessutto.
Esse é um ponto principal para a Free Beats: democratizar. Conhecida por divulgar e propagar a cultura DJ, a Free Beats também sempre trouxe o debate do uso do espaço público e principalmente das ruas para as pessoas. Agora com a pandemia de Covid-19 ainda rondando o país, o projeto vem para ressignificar espaços e democratizar o acesso. Além de trazer uma discussão sobre a autonomia e uso do dinheiro público de forma responsável.
“Acredito que estamos evoluindo como projeto. Com o passar dessa década de festas, fomos percebendo a real função da mesma e vai além de apenas enaltecer a cultura DJ. É sim toda uma valorização de tudo que acontece em nosso entorno. Nesse tempo sabático, fomos pensando a melhor forma de voltar a produzir, então ressignificamos antigos equipamentos que estavam perdendo utilidade, construímos nosso primeiro Sound System em parceria com a Casa Madiba, que nos trará autonomia para futuros eventos. Quando você pensa em ressignificação essa transformação acontece muito de dentro para fora, é um processo muito interessante”, comenta Mauro Farina.
Atrações
Para esta edição, a Free Beats aposta em uma série de novos nomes da música independente unindo a grandes nomes da cena e tem curadoria do DJ e produtor Mauro Farina que também se apresenta nesta edição ao lado de Lurdez da luz.
O grande destaque aqui é que as apresentações unirão artistas de diferentes vertentes musicais em encontros que prometem botar para dançar.
“A curadoria nasceu do intuito de mostrar DJs e produtores musicais de forma que cada um criasse seu pocket show, mostrando a força e o valor desses artistas. Provoquei eles a trazerem participações dando mais potência e gerando mais representatividade no line up, ampliando vozes e nomes da cena”, explica Mauro.
Velha colaboradora da festa, a DJ Mari Mats se apresenta ao lado da rainha do dancehall Lei Di Dai apresentando sua pesquisa no estilo; a paraibana Luana Flores apresenta o disco “Nordeste Futurista” celebrado álbum que une eletrônico com sons do Nordeste e tem participação especial de Rafa Ella do Coco De Oyá; o produtor cultural e DJ Sanvtto, que tem trabalhos com artistas como Jup do Bairro e Linn da Quebrada se une a performer e MC Sodomita para um fechamento que tem tudo para sacudir quem ainda estiver parado.
Mauro Farina estará ao lado de um dos expoentes da música independente Lurdez da Luz e farão uma apresentação calcada na música brasileira, onde a artista apresentará novidades do repertório; quem também estará com novidades é o DJ e produtor Salvador Araguaya, que apresenta três faixas novas que compôs com o MC Digo durante a quarentena que o acompanha na tarde do evento, com o cantor Èfiro e o multinstrumentista Bica, da banda Teto Preto.
Araguaya é um dos destaques da cena paulistana, cria do coletivo Sonido Trópico e hoje trabalha no projeto live-act SUDAKA, ao lado dos produtores UBUNTO e João Laion.
Quem abre o line up é o paraibano Ian Valentin, que dentro de sua pesquisa musical mostra como a música brasileira está ligada a latino América e a ritmos africanos, ele se une a 2 dançarinos e 2 tocadores de Tambor de Crioula, dança de origem africana praticada por descendentes de escravos africanos do Maranhão.
Em parceria com o festival MADA (RN) e produção do DJ e produtor Val Pescador, a Free Beats também apresentará uma série de bate-papos e alguns dos artistas também estarão nas mesas que acontecem pela manhã.
Luana Flores comanda a mesa “Estratégias de empoderamento feminino no universo da música eletrônica” ao lado das DJs Iasmin, uma das idealizadoras do projeto UH!Manas TV, projeto digital todo voltado para a produção de conteúdo de mulheres, e da DJ Maravilha, diretora criativa e programadora do Uh!Manas TV, curadora do festiva DELAS.
Mulheres na arte e produtora cultural.
A mesa falará da importância de termos mulheres conquistando espaço nesse meio que ainda é tão masculino.
Outro destaque na programação é a mesa Racismo e Xenofobia – como isso afeta o jornalismo musical, que trará a supervisora de Comunicação do Centro Cultural São Paulo, que estará ao lado da jornalista e produtora pernambucana Beca Gouveia, da jornalista Pérola Mathias, do Resenhas Miúdas e do DJ Sanvtto.
Este é um espaço para debater mudanças nas estruturas, e segundo Neire o ponto principal é o acesso.
“O Brasil foi fundado no racismo, então nenhuma esfera é isenta disso.
O jornalismo é uma delas.
No jornalismo musical ele afeta os profissionais que desenvolvem este trabalho e afeta os noticiados, os artistas. Primeiro, ele afeta a mão de obra, não só o apagamento desses profissionais, como a má remuneração e a falta desses profissionais pretes.
E do ponto de vista dos noticiados, – e poderia falar de vários-, mas os mais pontuados é como essas histórias são contadas.
Se você observar, quando um artista vira notícia, ele sempre está atrelado a uma pauta racial.
É sempre através de uma efeméride que envolve cultura negra ou a narrativa sempre está atrelada ao sujeito dele como negro e não necessariamente a obra artística dele. Isso é racismo também.
E isso é negar a humildade do artista, porque às vezes, um artista preto só que ser um artista, ele não quer necessariamente ser um artista negro”.
Serviço:
Free BEATS apresenta: Freeland
Local: WE SAMPA (R. Gustav Willi Borghoff, 100 – Parque Industrial Tomas Edson, São Paulo – SP, 01144-080)
Data: 5/12/2021, domingo
Horário: de 10h às 22h
10h – Beatmaker – a falta de valorização por parte do mercado
com Salvador Araguaya, Sanvtto, Luana Flores
11h – Estratégias de empoderamento feminino no universo da música eletrônica
com Luana Flores, DJ Iasmim e DJ Maravilha
12h – A importância do dj na difusão da nova música brasileira
com os djs Renata Corr, Mauro Farina, Donna, Kokay e Val Pescador
13h – Racismo e Xenofobia – como isso afeta o jornalismo musical
com Neire Bento, Rebeca Gouveia, Pérola Mathias, Sanvtto
Abertura da Pista Free Beats às 15h:
15h – Ian Valentin feat Tambor De Crioula
16h15 – Mari Mats feat Lei Di Dai
17h30 – Salvador Araguaya show feat Bica participação Éfiro & Digo
18h45 – Mauro Farina feat Lurdez Da Luz
20h – Luana Flores show feat Coco De Oyá
21h – Sanvtto feat Mc Sadomita
Classificação 18 anos
Obrigatória apresentação de comprovante de vacinação com 2 doses ou 1 dose de vacina única e uso de máscara.
Sujeito a lotação. Chegue cedo!