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Externa Club Brasília

Gi Serra, a comandante do entretenimento paulista

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Viver e trabalhar na noite é uma profissão para poucos, que por vezes abdicam de uma vida mais normal para que tudo saia perfeito no mundo do entretenimento.

Trocar um emprego convencional pelo mercado de entretenimento foi a escolha de Giane Serrano, mais conhecida como Gi Serra, figura carimbada na noite paulista comandando locais prime, onde desempenha funções importantes para que os clientes saiam satisfeitos a cada noite.

A comandante do entretenimento já foi destaque em matéria da revista Veja, e com mais de duas décadas de horas não dormidas e uma satisfação pessoal em fazer o que gosta.

Sua reputação é indelével, o que a levou a ser requisitada por vários empresários para comandar seus estabelecimentos numa maestria.

Falamos com ela e descobrimos os meandros da sua profissão e algumas revelações do seu jeito de ser, incluindo o seu grande amor pelos animais.

 

Qual foi seu primeiro contato com a noite?

Foi em 2002, quando fui chamada pra gerenciar o Lov.e Club.

De onde veio a ideia de trabalhar na noite?

Na verdade até trabalhar no Lov.e, essa ideia nem existia.

Na época tinha acabado de sair de uma agência de publicidade onde trabalhava como executiva de contas.

Estava parada e uma amiga, a cantora Deborah Blando que também conhecia a Flavia Cecatto (sócia do Lov.e), fez a ponte entre nós duas.

Qual foi o lugar onde trabalhou que mais te marcou?

Acho que o Lov.e, além de ter sido oo meu primeiro contato com o universo da noite, sempre tive um carinho especial pelo lugar, adorava trabalhar lá! Mas a Lótus e a Mynt também foram lugares incríveis !

Como é lidar com o público?

Exige com certeza uma grande dose de paciência e um certo  jogo de cintura. Como a maioria das casas onde trabalhei eram voltadas para o público A, era normal escutar a frase: “vc sabe com quem esta falando?”
Mas de uma maneira geral, é um trabalho bem gratificante, vc esta sempre conhecendo pessoas novas.

Construi boas  amizades nesses anos de noite.

Qual é a sua visão do mercado de casas noturnas atualmente em São Paulo?

Acredito que continua sendo um mercado em plena ascensão. Várias casas bacanas abriram ao longo dos últimos dez anos. E apesar do momento critico pelo qual passamos, estou sabendo de muitas outras casas que vão abrir até o final deste ano.

Você passou por diversas casas noturnas na sua carreira profissional, quais foram elas?

Sim, tive a sorte de trabalhar em algumas das casas mais badaladas de SP. Passei pelo Lov.e, Ultralounge, Lótus, Museum, Mokai, Club A, Mynt Lounge, Panorama, Toy Room entre outras.

Quando você entrou na Toy Room, e quais suas funções desenvolvidas por lá?

Comecei na Toy em setembro de 2018.

Lá eu desempenhava duas funções, uma como gerente administrativa em horário comercial e outra como gerente operacional a noite, nos dias em que o club abria para o público.

O que ainda pode melhorar na noite paulista na sua opinião?

A noite paulistana continua sendo a melhor noite do Brasil.

Esta sempre se superando, se reciclando, acho que estamos no caminho certo.

Só acho que o Funk Carioca tem ganhado muito espaço nos clubs, se dependesse de mim, aboliria este gênero. Definitivamente este tipo de música não faz a minha cabeça.

Como é sua rotina de trabalho?

Existem 3 etapas neste trabalho. Pré-abertura, operação e fechamento. Geralmente chego uma hora e meia antes da abertura da casa.

Faço uma varredura no espaço pra checar se esta tudo ok com o sistema operacional, som, luz, gelo, bebidas, insumos, limpeza do espaço, etc.

Logo após faço uma breve reunião com a equipe para passar as informações sobre a noite, como line up, valores, promoções, convidados, reservas, etc

Durante a operação costumo circular por todos os setores da casa, da porta de entrada à cabine do DJ.

Participo de todas as etapas do trabalho, recepcionando os clientes na porta, esclarecendo dúvidas em relação as contas, separando alguma briga, correndo para comprar gelo quando a máquina não esta dando conta da demanda ou pra comprar algum item do cardápio que acabou no meio da operação pois teve mais procura que o esperado.

O importante é que para o cliente, a festa não pode parar.
No final da noite, fazemos o fechamento do caixa, solicitações de manutenção, compras, etc.

Qual a decisão mais importante na  sua vida para se dedicar ao mercado noturno e de entretenimento de casas noturnas?

Pra desempenhar bem este tipo de trabalho é necessário ter muita dedicação e realmente gostar do que esta fazendo, pois abrirmos mão de boa parte de nossa vida privada.

Afinal, trabalhamos em dias e horários onde a maioria das pessoas ou está dormindo, descansando ou se divertindo.

A partir de que momento passou a planejar sua carreira?

Na verdade não houve um planejamento.  Aconteceu de forma inesperada e fui deixando o barco seguir com a correnteza pra ver onde iria me levar…elevar…e cá estou!

Descobrindo os meandros da profissão o que lhes motivou, qual foi seu maior desafio até hoje?

Trabalhar poucos dias na semana e durante a madrugada foi com certeza um dos motivos que me ajudaram a tomar a decisão de permanecer trabalhando neste segmento.

Tenho vários animais em casa, cães e gatos, gosto de passar algum tempo com eles e eles comigo. Não  conseguiria me dedicar à eles se tivesse um trabalho convencional.

A remuneração também acaba sendo um grande incentivo, geralmente mais atraente que num cargo similar executado em horário diurno.

Acho que meu maior desafio sempre foi conseguir conciliar a vida profissional com a vida afetiva. Fui casada duas vezes e posso garantir com 100% de confiança que o término dos dois relacionamentos teve muito a ver com a minha profissão.

Qual foi o maior maior mindset no segmento até o momento para você?

Foi ter tempo para estar com minha familia, meus pais, irmãos e sobrinhos que moram no litoral.
Perdi meu velho há alguns anos e minha irmã caçula há  alguns meses, ambos de forma inesperada.
Se estivesse num emprego convencional, provavelmente não teria tido a oportunidade de ter momentos gratificantes ao lado deles nos últimos anos.

Depois de tanto tempo na você deve ter muitas histórias engraçadas e até casos não tão legais. Contem para nós um de cada desses momentos?

Sim, existem vários episódios estranhos e engraçados com pessoas famosas, mas que por uma questão ética não podemos citar nomes aqui…rsrs

Tem a do tal casal, onde o marido era o famoso apresentador de um desses programas que passam na TV durante a madrugada.

Eles chegavam juntos e minutos depois cada um estava aos beijos com outros, outros mesmo, ela com um cara e ele com outro.

Uma vez o ator Ashton Kutcher apareceu na Mynt.

Super simpático, me deu a mão para que eu o levasse até a área vip do club e lá passou boa parte da noite dançando com as atendentes (nome dado as garçonetes que trabalham em balada).

Outro momento bacana foi quando o U2 foi à  Lótus após uma apresentação da banda em SP.

Sou mega fã dos caras, então nem preciso falar que este foi um momento inesquecível pra mim.

Qual é o lado mais bacana dessa profissão e o lado por vezes mais desagradável?

O mais bacana é poder conhecer pessoas novas quase todas as noites. Fiz muitos amigos no trabalho ao longo dos últimos anos.

Ter bastante tempo livre, já que a maioria das casas abre de 2 a 3 vezes por semana.

A parte chata é ter que lidar algumas vezes, com indivíduos portadores de egos exacerbados, ainda mais quando estes indivíduos encontram-se alcoolizados e por vezes “aditivados com substancias tóxicas”…

Quais são os planos atuais?

Recebi algumas propostas dentro e fora da noite, mas todas  este 2021. O plano seria voltar a trabalhar o quanto antes! Nunca tive férias tão longas!!

Aonde quer estar nos próximos cinco anos?

Tenho alguns projetos para montar um negócio próprio nos próximos anos, que não têm nada a ver com noite…

Na sua visão qual é o futuro do mercado da noite pós-pandemia?

Acho que para as casas e eventos de grande porte, só vamos retornar efetivamente, quando uma vacina eficaz for descoberta!

Mas acredito que quando isso acontecer, as pessoas vão estar tão ansiosas para frequentarem estes  lugares , que o ramo de entretenimento vai acabar tendo um BOOM, como nunca visto antes, não apenas as baladas, mas as festas ao ar livre, os shows, tudo o que estiver relacionado a interação humana, afinal, somos seres extremamente sociáveis !

Quais são suas dicas para o público curtir a noite?

Chegar após a 1h. Antes disso o lugar vai parecer vazio. Hoje em dia o público costuma fazer um esquenta antes de ir pra balada.

Se hidratar com água entre um drink e outro, ajuda a diluir o álcool e evita que a ressaca no dia seguinte seja tão forte.

Levar pelo menos duas formas de pagamento, pois as vezes a operadora do cartão do seu banco pode estar inoperante. Isso ajuda a evitar certos constrangimentos.

Sair com a intenção de se divertir, mas respeitando os espaço alheio e os funcionários que estão lá pra fazer com que sua noite seja perfeita!

Qual foi a primeira música que te impactou de fato?

“Lithium” do David Guetta

Tem algum hobby?

Na verdade não, mas gosto de tranquilidade, de ler um bom livro, de pegar uma sessão de cinema.

De reuniões na casa de amigos e de estar em casa com meus animais, tenho vários, três cachorros e onze gatos. Amo passar meu tempo livre com eles, conversamos bastante!! Rs

Um sonho já realizado profissionalmente?

Ainda não, mas um dia pretendo montar uma espécie de hotel fazenda para animais,  com varias atividades pra deixar a bicharada feliz e cansada!!

E assim, ter também um espaço paralelo para abrigar animais abandonados. Quem sabe ser sócia da Luisa Mel…rs

Um sonho a ser realizado?

Viver na Toscana!!

by Gonçalo Vinha

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