Quando recebi de um serviço de streaming o histórico do que escutei durante o ano, me dei conta de como é amplo e diverso meu universo musical de ouvinte.
Ele se espalha por várias épocas e culturas. A julgar pelo tal relatório, o que menos ouço é som parecido com o que faço. Faz sentido, afinal, este eu mesmo faço.
O gosto pela música eletrônica, principalmente em sua fase inicial, analógica, me acompanha desde a adolescência.
Provavelmente a partir da admiração pelos tecladistas das bandas clássicas de rock progressivo, que depois migrou para bandas como Kraftwerk e artistas como Jean-Michel Jarre e Vangelis.
Eram tempos de enormes sintetizadores que, vistos retrospectivamente, a partir do mundo digitalizado, podem ser chamados de artesanais.
“Não Vejo a Hora” (Deck), o disco que lancei em 2019, tem como base duas formações: um power trio e um trio acústico, sonoridades nada eletrônicas.
O show, com os dois trios se revezando no palco, foi o melhor que já coloquei na estrada.
E, de repente, tudo parou com a pandemia.
Em casa, longe dos palcos, as composições do disco começaram a falar mais alto do que o formato na qual foram gravadas e começou a fazer sentido para mim, pela primeira vez, explorar um universo musical do qual gosto muito, mas que é distante do que sempre fiz.
Sem o compromisso (que eu mesmo me imponho) de limitar as gravações à realidade das performances ao vivo.
Escolhi algumas músicas do “Não Vejo a Hora” para releituras eletrônicas e fui atrás de um pessoal legal que soubesse levar (como eu não saberia) as canções para novas paisagens.
Discos de remixes geralmente se baseiam nos maiores sucessos de um artista.
É razoável que seja assim, mas não é o caso deste projeto, afinal, os últimos tempos foram tudo menos razoáveis. “Água Gelo Vapor” é o nome. Diferentes estados da matéria e de espírito.
Quem nunca?
Foi dessa forma que Humberto Gessinger contou como surgiu a ideia do EP “Água Gelo Vapor”, que chegou hoje, 17 de dezembro, às plataformas digitais através da Deck.
Os remixes foram feitos pelos produtores Deeplick, Apollo Nove, BLANCAh e Carlos Trilha.