A nova safra de artistas envolvidos no cenário eletrônico do Brasil tem revelado boas surpresas para o mercado fonográfico.
Não é mais novidade vermos jovens com pouco tempo de carreira galgando posições interessantes aqui e fora, através de muito estudo, dedicação e foco.
É interessante também observar que essa nova geração parece carregar consigo de maneira orgânica o engajamento social, se preocupando com ações para o todo e não pensando somente na evolução pessoal.
Um dos nomes que vem aparecendo e chamando a atenção através de suas produções, co-criações e também pela veia social na cena do Paraná é Joao Ferrari.
Joao é de Cascavel e inicialmente optou em traçar uma carreira no mundo das programações, seguindo, o que até então pode-se chamar de “roteiro padrão” para um futuro profissional.
Entretanto, o amor e a curiosidade à música falaram mais alto e ele decidiu arriscar e se aprofundar naquilo que sempre fez mais sentido.
Com pouco tempo de carreira, Joao se mostra uma pessoa muito centrada e já se destaca no que faz.
Além de ser vidrado em música, já tem no currículo lançamentos por algumas gravadoras como Green Nights Records, Empire Tunez, Abstract Waves, Koffe Records e Subliminal Senses que, inclusive, fez sua primeira turnê gringa na Bolívia e Peru.
O jovem artista acaba de lançar um novo set para 2020 e nos conta um pouco sobre sua carreira, planos futuros e seu projeto de impacto social.
DJ Sound: Olá Joao, tudo bem? Bom, percebemos que você é super jovem e já está escrevendo uma história bacana na música eletrônica.
Conta pra gente, como foi que você caiu nesse estilo e o que te fez perceber que era esse o futuro que você queria pra você?
Joao Ferrari: Na verdade eu já tocava violão, sempre gostei de música, mas nunca foi algo que eu queria fazer como profissão.
Um dia resolvi entrar em um curso de mixagem e no primeiro encaixe de duas músicas eu pensei ‘cara, isso é muito legal!’.
Aí foi só uma questão de tempo, entrei de cabeça nisso.
DJ Sound: Você desistiu da carreira de programador para seguir na música, como foi esse processo de transição e como seus familiares receberam essa notícia?
Joao Ferrari: Sai da faculdade que eu estava, entrei no curso de música, mas como o foco era ser professor eu acabei saindo, não era muito minha vibe ser professor de instrumentos, aí parti para Publicidade e Propaganda por um ano e meio e foi muito bom, porque me ajuda muito no Marketing hoje em dia.
De aí durante a turnê fora tive que trancar a faculdade, caso contrário eu iria reprovar em todas as matérias por frequência.
Essa questão toda acima foi aquele acordo familiar de precisar ter uma faculdade para poder seguir na carreira musical.
Demorei muito tempo para convencer minha família que eu ia conseguir virar, só depois que rolou a turnê fora somados aos feedbacks de amigos e conhecidos falando do meu trabalho que meus pais começaram a aceitar.
Hoje em dia aceitam e apoiam, mas sim teve um período de resistência.
DJ Sound: Você já tem algumas produções no currículo, inclusive abarcadas por selos conhecidos, além de algumas colaborações bem interessantes, algo notável para a sua idade.
“…Além das produções, quais outros projetos estão em andamento?”
Joao Ferrari: Meu plano principal atualmente é o projeto da Insight, uma festa beneficente que estou fazendo para ajudar pessoas: idosos, instituto do câncer, APAE, para provar que o eletrônica é algo que também pode ajudar a sociedade e desconstruir os preconceitos.
Além disso, estou planejando mostrar um outro lado meu, um músico além da música eletrônica, produzir algumas coisas no Hip Hop e Soul, abrir minha mente para outras coisas, evoluir em outros estilos também, gosto bastante disso.
DJ Sound: Você teve suas primeiras gigs fora do Brasil, você sentiu algum tipo de diferença em relação ao público brasileiro?
Joao Ferrari: O público é sim diferente, eu senti que lá todos foram muito receptivos, talvez pelo fato de que eu estava chegando como “alguém que vem da gringa”, em todos os lugares fui bem acolhido.
Na Bolívia foi muito legal, virei parte da família da galera lá.
DJ Sound: E o Universo Paralelo, como foi? Quais os melhores aprendizados e experiências que você tira de uma apresentação tão importante como essa?
Joao Ferrari: A experiência do UP foi muito maior que só o tocar. É muito legal ver a realidade bem diferente do festival, é um aprendizado que cada pessoa que vive aquilo leva de forma particular.
Claro que tocar foi incrível, eu sinto que foi e é uma realização pra mim, estava na minha lista de objetivos.
Não foi no maior palco, mas só de estar dentro e participar é muito legal.
Uma lição que aprendi é que a carreira, querendo ou não, é uma escada, degrau por degrau, não adianta querer dar mega-passos, você tem que ir devagar e construir sua base, sem afobação ou pular etapas.
DJ Sound: E como você se prepara para suas gigs? Você já vai com a ideia do set no UP pronta ou é algo que flui na hora?
Joao Ferrari: Na verdade é mais uma preparação mental, gosto de me organizar com as músicas fazendo uma seleção mais compatível com a festa em questão, com músicas novas e toda a minha coleção separada por gênero e sub-gêneros bem organizado.
Eu tenho tudo bem definido para poder achar o que eu quero na hora certa, seleciono antes, mas também gosto desse efeito surpresa.
Muito planejamento não é o que a pista precisa, mas sim organização para achar o que você precisa para aquele momento específico.
E confesso que os momentos que antecedem eu sinto meu estômago borbulhar, ai tenho meditar e trazer calma, para poder performar mentalmente da melhor forma, faz muita diferença pra mim.
DJ Sound: E agora que 2020 começou, quais são os próximos passos?
Joao Ferrari: Bom, nas questões artísticas eu estou buscando seguir uma linha mais House/Disco, gosto muito dos anos 90 para esses gêneros.
E de maneira mais macro, os próximos passos seriam apresentar esse novo projeto beneficente que será a soma do evento social e mais alguns pilares que tem como objetivo propagar mais a música independente.
Valeu pelo bate-papo e pelo apoio, DJ Sound!
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especial colab. by Maria Angélica Parmigiani e Gonçalo Vinha
