O carioca Levy Gasparian, é um workaholic nato e um marqueteiro de primeira, e com aquele lado brincalhão e simpatia de todo carioca.
Como empresário e DJ foi um dos pioneiros no Brasil na arte de “sound design” para estabelecimentos comerciais, criando a Rádio Ibiza, com o sucesso e sedento por novos horizontes desembarcou em Portugal onde do zero recomeçou uma história a frente da Mufyn sua nova empresa musical.
Na paralela ele ainda articula o seu projeto musical, o belíssimo Café 47 ouça no Spotify:
E batemos um papo em clima retrospectivo de olho no futuro com essa fera do entretenimento.
Fale um pouco do primeiro contato com a música no geral?
Meu pai tinha por hobby, comprar equipamento de som, então nos anos 70 e comecinho dos 80, minha casa tinha uma boate com amplificadores valvulados Mcintosh, era lindo.
A potência de som na minha casa só perdia pro Canecão na época.
Musica é parte da minha vida e virou meu job.
Escuto sempre, pesquiso muito e adoro ouvir tudo sobre musica, do moderno ao antigo.
De onde veio a ideia de se tornar DJ?
As sobras de equipamento e discos do meu pai eu acabei herdando e achei que tocar em festas me possibilitaria comprar mais discos de vinil na época.
Não havia o glamour de hoje em dia, DJ era mais um funcionário da festa, assim como o garçon, o decorador, o eletricista.
Eu tinha que entrar nas festas pela entrada de serviço.
Hoje em dia ser DJ é outra coisa.
Qual a
sua visão como DJ e curador musical num mercado cada vez mais competitivo como
o do Brasil, e do exterior?
Um dia estava conversando com o gerente de marketing de Vale Nevado, e ele me perguntou o porque de usar o meu serviço ao invés de colocar o Spotify?
Respondi que o Spotify é um player com milhares de músicas, mas quem define o que é bom e o que tem a ver com a marca e cada restaurante, é uma pessoa que estuda e que transforma a música em experiência.
Aí ele me entendeu.
Como vê o mercado de curadoria musical para marcas na atualidade? Quando eu abri a Rádio Ibiza no Brasil, era um setor inexplorado, não existia nem iPOD muito menos serviço de streaming.
Eu acho que acabamos por abrir um caminho para profissionalizar a curadoria musical em lojas que era feito precariamente.
Hoje em dia a tecnologia ajudou bastante e conseguimos atender qualquer empresa em qualquer lugar no mundo, e isto traz possibilidades incríveis para mim com para qualquer pessoa.
Qual sua
visão musical para clientes corporativos?
Toda marca possui uma personalidade única e nao é o gosto do dono ou do gerente.
E esta personalidade é o que chamamos de identidade musical.
Tinha um concorrente aqui em Portugal que estava vendendo para um restaurante de sushi a programação de um hotel do CR7 que ele mesmo fazia , veja só que coisa bizarra!
O que é programado para funcionar em um espaço dificilmente funciona em outro, a personalização musical é uma coisa exclusiva na minha opinião.
No Brasil vários clientes me procuravam para fazer a musica igual a que fazia para a Farm, e eu respondia: vamos fazer a musica da sua marca ser incrível como a da Farm, mas não será igual.
Como é o seu processo de curadoria musical para clientes?
Parece ser mais simples do que é na realidade, hahaha, o que faço é traduzir em musica o que a marca quer dizer.
E esse componente musica, a importância dela em cada lugar, varia muito com a percepção do dono e do marketing pois apesar de estudos científicos que provam a sua eficácia em melhoria do faturamento em até 28%, não é uma coisa absoluta nem imediata.
Mas tenho certeza que quem esta lendo aqui já ficou em algum lugar mais tempo por conta da musica que lá tocava.
E isso é o que eu busco fazer.
Qual é o processo de seleção musical para
curadoria de um cliente corporativo?
Estudamos tudo da marca , o publico alvo, publico real, referencias do dono, O moodboard da coleção (quando há), decoração do espaço se é mais madeira ou vidro, sóbrio ou quente, atendimento próximo ou formal, qualidade do som, movimento de pessoas dentro da loja, personalidade da marca, etc.
Não tem uma formula mágica, tem o tempo de ouvido como digo, são 15 anos estudando a música certa para cada espaço diferente.
Dá trabalho, mas o resultado é gratificante.
Fale do
seu início na rádio Ibiza, qual foi a concepção inicial dela, e agora o seu
passo com a Mufyn em Lisboa na Europa?
Sendo DJ, você faz parte de momentos importantes na vida das pessoas e quando se é profissional, isto abre portas, alguns destes clientes me pediam para botar minha musica na loja deles, meu primo também DJ, o Ronaldo Gasparian estava começando a fazer um software de música para lojas e começamos uma parceria e do zero, abrimos o mercado.
Após dois anos, o Ronaldo seguiu seu caminho solo e chamei o Pedro e o Rafa que tinham uma produtora de áudio, para me ajudarem na operação e deu super certo.
Foi incrível enquanto durou, mas meu destino era outro e resolvi abrir a Mufyn, Music For Your Needs.
Com a tecnologia, não via o porque ficar restrito ao Brasil podendo atender qualquer cliente em qualquer parte do mundo, através da internet.
Qual foi
a decisão mais importante na sua vida para dedicar-se a música de forma
profissional?
Desde 14 anos sou DJ, mas ao longo deste processo, já vendi camisa social, já trabalhei em loja, em banco de investimento, no Citibank, no Ipiranga, agência de viagem, etc.
Sempre tocando em festas durante este tempo.
Teve um dia que eu decidi que trabalhar com música me daria um diferencial pois uniria os dois Levys o artista e o empresário.
É importante dar um ponto de situação, eu tenho uma capacidade diferente de um artista convencional.
Eu consigo ser comercial e artista ao mesmo tempo. Eu viro a chave interna e viro empresário, desviro e entro no estúdio e fico horas pesquisando música.
Conheço pessoas incríveis na música que não sabem pagar uma conta. Hahaha, faz parte.
A partir de que momento passou a planejar sua
carreira? Recorreu a algum profissional para lhe orientar?
Sou um dinossauro vivo, quando comecei não existia o mundo de DJ, assim como quando comecei com a Radio Ibiza, não existia criação de música personalizada para marcas.
Tive sempre que me reinventar.
A gente sempre aprende coisas com as pessoas e com cursos eventuais, temos sempre que estar abertos, sermos humildes para receber criticas e dicas, mas ter personalidade e pés no chão para seguir o nosso feeling.
Descobrindo os meandros da profissão o que lhe motivou, qual foi seu maior desafio até aqui?
Sem duvida, recomeçar na Europa, do zero.
Existe sempre aquela ideia que o ”cara” foi pra Europa e está numa boa, foi de férias se divertir e a realidade se sobrepõe a isso, A Radio Ibiza e toda a estrutura ficou no Brasil.
Na época tinha uns 45 funcionários, escritório no Rio, SP e Curitiba, e no final vim sozinho.
Foi um re-start sem amigos, como imigrante, sem histórico no banco, nem currículo escolar, sem ninguém conhecer sua estória do Brasil, isso é sem duvida algo que é um misto de loucura e motivação para se superar.
Qual foi o maior maior mindset no segmento até o momento para você?
Uma vez eu, bem no começo, estava conversando com meu primo Ronaldo e falei: que incrível a gente trabalhar com música e atender as marcas, e ele falou, eu estou aqui para ganhar dinheiro, a música faz parte disso.
Tirou um pouco do romance, mas é a verdade, precisamos ser profissionais, entregar o que se é proposto, no tempo certo.
Não tem espaço para estrelinha nem ego. Por sinal, ser guiado pelo ego, é a pior característica que um DJ ou profissional pode ter.
Ego turva a visão destrói valores, destrói amizades, destrói empresas, destrói DJ.
O DJ superstar que é problemático, pode ter uma técnica incrível, mas fecha inúmeras portas e possibilidades com quem trabalha e quem o contrata.
Depois de tanto tempo na estrada você deve ter
muitas histórias engraçadas e até casos não tão legais. Contem para nós um de
cada desses momentos?
Durante 20 anos, eu toquei praticamente toda sexta e sábado, daria bem para
escrever um livro, difícil descrever aqui pois comprimir 20 anos em algumas
linhas fica realmente impossível, prefiro que você que esta lendo aqui, vá até
a cabine do DJ e venha conversar comigo, vamos rir com certeza.
Qual é o lado mais bacana dessa profissão e o lado por vezes mais desagradável?
As pessoas preenchem esses dois lados da pergunta.
Fiz muitos amigos e vivi momentos únicos e momentos especiais pois quando você faz um casamento, você é parte importante em um momento único na vida dos noivos e amigos.
Ao mesmo tempo, já vi pessoas que estavam se casando sem amor e você consegue identificar isso na hora. É triste mas assim é a vida.
Quais são os planos futuros?
Não sou uma pessoa acomodada, sou incomodado. Tenho alguns projetos já acontecendo e na cabeça mais alguns para botar no papel.
Em 2004 eu lancei um projeto de musica eletrônica chamado Café 47, que esta no Spotify por sinal, ouçam Queria voltar a compor e lançar o número 2.
Aonde quer estar nos próximos cinco anos?
Rodando o mundo e levando musica para o máximo de pessoas.
Tem tanta musica boa sendo feita , tanto festival incrível para assistir.
Não consigo ficar paradinho, acho que a vida é muito curta para ficar no sofá com um controle remoto o dia todo.
Agora na Europa quais são os planos?
Primeiro a estabilidade no mercado português, isso por si só é um desafio e tanto pois aqui tem pouco dinheiro para se investir.
Mas em um segundo momento, atender Espanha, Itália, França, Europa Oriental, tem muita coisa para ser feita por aqui.
Na sua visão quais são os maiores diferenciais da Mufyn e do Levy Gasparian para o mercado de música?
Eu dou relevância ao artista e junto ele as marcas.
Por exemplo, Onde um novo artista de jazz consegue trabalhar suas músicas no dial de uma rádio Brasil?
Difícil, mas meu serviço é segmentado, consigo botar este artista tocando na Capriciosa, no shopping Leblon, Rio Design entre outros ou seja, para o publico certo dele e assim ter destaque dentro de lugares e no perfil de pessoas que valorizam a sua musica. Isso é bom para o artista e é bom para o espaço.
O querido cantor Celso Fonseca estava na programação do Alessandro e Frederico em São Conrado e ele se ouviu e achou incrível, me procurou para agradecer.
No restaurante também adoravam quando tocava a música do cliente.
Não forneço apenas música, eu crio experiência no ponto de venda.
Qual foi seu primeiro disco que você comprou?
Viiixi, isso faz tempo.
Eu ganhava muitos discos do meu pai que eventualmente comprava discos repetidos, mas tenho alguns na memoria lá de longe.
Toto, Ultraje a Rigor, Blitz, New Order.
Foi mais ou menos nessa época que comecei a tocar como DJ e já tinha dinheiro para parar de roubar discos da biblioteca do meu pai.
Qual foi a primeira música que te impactou de
fato?
Donna Summer – “I Feel Love”, ainda é incrível, não é verdade?
Tem algum hobby fora música?
Adoro fazer trilha, fazer esportes como snowboard e surf.
De preferência, sempre com um fone no ouvido
Um sonho já realizado na música?
Viver dela é algo incrível.
Amo ouvir musica, estou por sinal ouvindo agora Ruby Haunt enquanto escrevo , olha que maravilha.
Um sonho a ser realizado na música?
Conseguir compor um disco do Café 47 e bombar com ele.
Seria uma onda legal estar nos palcos e nos festivais compartilhando essa experiência com meus filhos.
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Instagram: mufyn_music levy gasparian
Assista ao vídeo oficial da Mufyn: