Abrindo uma série de entrevistas de profissionais do entretenimento, falamos com uma das mais exímias assessoras de imprensa do mercado de música no Brasil, que é Magali Magalhães, paulistana e já veterana no atendimento ao mercado de música eletrônica e Dance Music ao lado de outras vertentes.
Magali fundou a Journal Assessoria e não parou mais.
Um artista além de talento musical, imagem deve ter uma comunicação precisa com seu público e imprensa, e o trabalho de uma assessora de imprensa com conhecimento de causa é essencial na somatória gerando um resultado conciso.
Na entrevistona abaixo ela nos explica um pouco do seu trabalho, desafios ao lado de nomes que vão de Depeche Mode, Fat Boy Slim até Prodigy, e várias edições de grandes eventos como os festivais XXXperience, Tribe, Creamfields literalmente é uma highlander, super autêntica e apaixonada pelo que faz com alto calibre.
Sua sinergia com o clientes e artistas lhe garante uma boa reputação e extensão do seu trabalho.
Fale um pouco do primeiro contato com a música no geral, e o contato com a música eletrônica?
O meu gosto pela música começou na infância e sempre tive uma ligação forte com ela.
Ter trabalhado durante alguns anos em uma gravadora me deixou ainda mais conectada com a música, em diferentes gêneros musicais, independente das minhas preferências pessoais.
Já a música eletrônica entrou com tudo na minha vida pessoal no auge da minha juventude (sempre gostei de uma boa festa/ balada); e depois também na profissional, quando comecei a trabalhar com DJs, ainda nos tempos da gravadora, e segue até hoje.
De onde veio a ideia de sua formação em jornalismo e assessoria de imprensa?
Desde pequena amo a magia da comunicação e não por acaso escolhi estudar Jornalismo.
Me tornar assessora de imprensa, isso sim foi por acaso; foi tipo uma oportunidade que apareceu no meu caminho, que eu gostei e decidi investir na profissão.
Como começou a trabalhar com Dance Music na assessoria de imprensa?
Estudei em Londres durante um ano e meio.
Quando voltei… fui indicada para trabalhar no departamento internacional da Paradoxx Music – exclusivamente porque eu falo inglês – no momento em que a gravadora estava no auge da dance music mundial.
Em menos de um ano, surgiu uma vaga no departamento de imprensa e fui convidada pelo presidente da Paradoxx a assumir o cargo de gerente de imprensa nacional da gravadora; segundo ele, eu tinha pouca experiência nessa área, mas era jornalista e tinha boas ideias.
E foi assim que tudo começou! Durante três anos, tive o prazer de cuidar de vários grandes lançamentos de CDs, nacionais e internacionais, muitos deles, de grandes nomes da Dance Music, já que a Paradoxx era referência no segmento.
Você esteve em Londres e qual foi seu contato com a cena lá nos anos 90?
A minha vivência na capital inglesa despertou ainda mais a minha paixão pela música.
Lá, eu pude acompanhar de perto tudo o que acontecia nos clubs, shows, lojas de discos, como a Virgin, e experimentar a atmosfera da cena por vários cantos da cidade.
Você trabalhou como assessora de imprensa do Prodigy no Brasil. Como isso aconteceu?
O lançamento mundial do CD “Fat Of The Land”, do Prodigy, foi algo estrondoso.
Por aqui, o grupo inglês fazia parte do cast da Paradoxx Music, na época em que eu era gerente de imprensa nacional da gravadora.
Foram organizadas press trips com os principais veículos de imprensa de vários países e como eu representava o Head PR deles no Brasil, viajei para Essex, Inglaterra, pela Paradoxx, com 15 jornalistas de música.
Passei um dia inteiro com o Prodigy, organizando as entrevistas.
Apesar daquela cara de menino mau, o Keith Flint era muito simpático e atencioso.
Quais os artistas internacionais que você trabalhou no mercado brasileiro?
No mundo da música eletrônica, além do Prodigy, cuidei da assessoria de imprensa particular do Skazy e Fatboy Slim (cinco turnês dele no Brasil), e também diretamente com muitos outros DJs renomados como Paul van Dyk, Erick Morillo, Deadmau5, Tiesto, Jamie Jones, Roger Sanchez – por conta de grandes festivais e festas que atendi. Trabalhei ainda com nomes expressivos do pop/ rock como Bruce Dickinson (Iron Maiden), Judas Priest, Whitesnake, Motorhead, Peter Hook (cinco tours dele no Brasil) e Information Society, entre outros.
Com quais clubs e festivais trabalhou?
Os principais clubs no Brasil foram Kiss & Fly (2010), Posh Club (2010 a 2017), Pacha (2012), Provocateur (2012 e 2013) e Cafe De La Musique (2016 a 2020); e no exterior: 1OAK (2009) e The Double Seven (2012) – ambos em Nova York. Entre os festivais, Creamfields (2011 e 2012), Tribe (2018 e 2019) e XXXPerience (2019), além de Abril Pro Rock (2009 e 2011) e Live N’ Louder Rock Fest (2006) – que teve como headliner, David Lee Roth. Também vale ressaltar algumas super festas como Winter Play (2011 a 2016), Hed Kandi (2011 e 2012), em Punta del Este, e Summer Play (2011), em Miami.
Qual sua visão do mercado atual de Dance Music no Brasil?
Eu acho que é um mercado que tem que ser respeitado porque tem a sua história.
No ano passado, uma pesquisa da Federação Internacional da Indústria Fonográfica colocou o estilo musical como o terceiro mais popular no mundo, ficando atrás apenas do pop e rock.
Apesar do Brasil ter outros gêneros democráticos de peso e a pandemia da Covid-19 ter castigado muito a cena por aqui, eu tenho fé que as coisas irão melhorar e que a Dance Music voltará a ter um espaço de destaque no país.
Qual a decisão mais importante na vida de vocês para dedicar-se à música de forma profissional?
Sempre acreditei que trabalhar com o que se ama é o melhor caminho porque além do lado profissional, a gente coloca uma boa dose de paixão e daí a coisa flui.
A partir de que momento passou a planejar sua carreira profissional na música e entretenimento?
Desde quando eu fundei a Journal, em 2001, logo depois que saí da gravadora Paradoxx Music.
Na verdade, a Journal já nasceu com esse propósito: ser uma assessoria de imprensa especializada em música e entretenimento.
Descobrindo os meandros da profissão o que te motivou, qual foi seu maior desafio até aqui?
A minha principal motivação em trabalhar com música é saber que existe um mercado sério e profissional no show business.
Acho que o maior desafio foi provar que a Journal, apesar de ter uma estrutura menor em comparação às grandes agências do Entretenimento, tem uma experiência gigante e é capaz de entregar resultados tão bom quanto elas, ou até melhor, porque trabalhamos em formato boutique.
Qual foi o maior mindset no segmento até o momento para você?
Eu acho que a Dance Music teve um crescimento considerável nos últimos anos.
E, de certa forma, essa posição alcançada no mercado acabou melhorando a exposição do segmento na mídia.
Acho que, em resumo, foi bastante positivo.
Depois de tanto tempo na estrada você deve ter muitas histórias engraçadas e até casos não tão legais. Conte para nós um de cada desses momentos?
Nesses mais de 20 anos de trabalho dedicados à música, a maioria dos trabalhos realizados com artistas, sejam eles mega famosos ou nem tanto, o que sempre impera é a cordialidade.
Momentos engraçados já aconteceram em alguns encontros mas o que mais me surpreendeu foi um cantor brasileiro famoso que durante os intervalos da agenda de entrevistas que estávamos realizando, ele decidiu me contar uma história “cabeluda” que envolvia nomes de outros artistas conhecidos, além de intimidades dele e dos respectivos, daí ele subia na mesa para interpretar cada cena.
Foi bem engraçado porém bizarro.
Na contramão dessas boas memórias, acho que a única experiência estranha que tive durante essas duas décadas foi ter que pedir a rescisão de contrato com um artista porque ele, além de não entender muito bem como funciona um planejamento de trabalho de assessoria de imprensa, queria dar ordens, literalmente, de forma grosseira em mim e todo o time.
Não há dinheiro nesse mundo que pague a falta de respeito.
Qual é o lado mais bacana dessa profissão e o lado por vezes mais desagradável?
O lado mais bacana da profissão é vivenciar momentos especiais dentro dos trabalhos e também a rede de contatos que ela te proporciona porque, além de networking, têm muita gente legal nesse meio: jornalistas, produtores, empresários, artistas, clientes, etc.
Acho que o mais desagradável é quando algum artista, meio sem noção, vem com comparações de preços do seu trabalho com um outro “assessor”.
No mercado existem vários tipos: os com grande expertise, os recém-formados e ainda aqueles que se autointitulam “assessores de imprensa”, por modismo, sem ter o conhecimento ou experiência necessária para exercer o ofício.
Então não dá apenas para comparar valores; tem que antes ver o peso profissional de cada um deles.
Quais os requisitos para um artista poder contratar os seus serviços?
Os principais são: o trabalho a ser divulgado tem que ter qualidade musical; e o material de divulgação como fotos e vídeos, se necessário (mesmo que a gente contribua com indicações para a produção), tem que ser profissional e bem feito.
Quais dicas você pode dar para um artista ter mais penetração nos meios de mídia?
- Cuidar de todos os detalhes para que o trabalho apresentado seja realmente algo que passe credibilidade.
- Ter um estilo diferenciado/ aparência moderna e legal ajuda no fortalecimento de imagem e pode contribuir com uma boa pauta.
- O artista tem que ser ele mesmo. Nada de forçar simpatia ou coisa do tipo, principalmente com jornalista. Porque isso ao invés de ajudar… atrapalha.
- Cultivar o profissionalismo e respeito. Não é porque ele é artista que pode atrasar em uma entrevista, por exemplo.
- Promover ações criativas e diferenciadas que envolvam o nome do artista geralmente chamam a atenção da imprensa.
A mídia digital facilitou a aparição de mais artistas através do assessor de imprensa?
Depende. Se o artista tem realmente um bom trabalho, acho sim que as chances de emplacadas são maiores porque a mídia digital, ao contrário da mídia impressa, não tem limitações.
Quais são os planos atuais?
Quando a pandemia da Covid-19 passar, eu gostaria de voltar a me envolver mais com grandes shows internacionais. É algo que eu realmente amo trabalhar.
Aonde quer estar nos próximos cinco anos?
Quero estar ainda mais focada no serviço boutique de assessoria de imprensa e realizando mais trabalhos no exterior, tanto na música e entretenimento quanto nos outros segmentos que também se tornaram nossas especialidades: gastronomia e turismo.
Qual foi o primeiro disco que você comprou?
O primeiro? Oh My God! Acho que RPM. Sempre tive um pé no rock.
Qual foi a primeira música que te impactou de fato?
“Bizarre Love Triangle”, do New Order. Até hoje eu curto muito quando a ouço.
Qual(is) são seus artista(s) preferidos?
Gosto de vários. Mas de uma forma geral, adoro bandas inglesas como New Order e Depeche Mode e DJs como Fatboy Slim, David Guetta, Calvin Harris e Claptone.
Tem algum hobby fora da música?
Sim!!!! Amo viajar, ler livros, assistir séries e sair para jantar.
Um sonho já realizado na música?
Acompanhar um show no Rock in Rio de cima do palco principal e sentir aquela p… energia do público.
Um sonho a ser realizado na música?
Conhecer o Bruce Springsteen porque sou fã dele desde a minha adolescência. Quando eu vi aquele cantor jovem, bonitão, cantando e dançando “Dancing In The Dark” pensei… gostei desse cara (haha!).
Infos site oficial:
Journal Assessoria – Magali Magalhães | www.journal.com.br
especial by Gonçalo Vinha