No Centro Cultural Olido, a mostra acontecerá nos dias 28 e 29 de junho
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Cultura, realiza a mostra LGBT+VR, pensada e desenvolvida por André Fischer, o curador da atividade, que conta com quatro experiências audiovisuais imersivas que são apresentadas por meio de óculos de realidade virtual, além de uma palestra, em formato de workshop, sobre a produção transmídia LGBT+. A mostra acontece nos dias 28 e 29 de junho no Centro Cultural Olido, e aborda a temática queer em celebração ao mês do Orgulho, comunicando o assunto de maneira disruptiva e inovadora. A entrada é gratuita e aberta às 12h na sexta-feira e às 14h no sábado; ambas as datas têm previsão de encerramento às 18h.
O projeto trata de questões relacionadas à realidade LGBT+ pelo viés tecnológico, utilizando-se da linguagem transmídia para comunicar e popularizar o tema em realidade imersiva. André declara que tem despendido esforços para difundir essa nova vertente em território nacional, uma vez que esse formato de linguagem é pouco explorado no Brasil, sobretudo no que toca aos trabalhos desenvolvidos sobre a temática LGBT.
Sob a coordenadoria de Luciana Ferreira, O CC Olido já abrigou algumas mostras de realidade virtual, motivo pelo qual a mostra LGBT+VR foi desenvolvida especialmente para o equipamento e sua apresentação foi idealizada para acontecer no espaço da vitrine hub do centro. Na visão de André Fischer, dentre os espaços culturais da cidade de São Paulo, o CC Olido “é voltado para esse tipo de linguagem, de tecnologia.“
As experiências se darão por meio da transmissão de filmes em realidade imersiva, que abordam diferentes narrativas sobre o universo LGBT+. Fala-se em “experiência”, porque a proposta de realidade virtual vai além da exibição:ela possibilita a interação do público com elementos presentes na realidade virtual, sendo possível a auto projeção em meio a cena transmitida e até mesmo a movimentação nos espaços virtuais, sendo alguns criados por meio da plataforma metaverso.
Confira, abaixo, a descrição e as informações sobre a programação das experiências:
“Queer Utopia”, 25′, dir. Lui Avallos, Brasil, 2023
16 anos
Em sua sala de estar, um dramaturgo aposentado faz uma revelação ao espectador, dirigindo-se a ele em um tom nostálgico e íntimo, como se fossem amigos há muito tempo perdidos se reencontrando: ele está perdendo suas memórias e busca companhia em uma jornada transformadora para reconstruir e preservar fragmentos de suas lembranças queridas. Inspirada em histórias reais de homens gays com mais de 60 anos, essa narrativa imersiva e interativa convida o público a testemunhar as memórias mais íntimas e contraditórias do protagonista antes que elas desapareçam. Por meio de uma reconstrução performática cativante da memória, utilizando a linguagem do teatro, “Queer Utopia” percorre espaços intrincados habitados por corpos efêmeros formados por partículas. A peça reúne um ensaio intergeracional sobre a luta pelos direitos LGBT+, ao mesmo tempo em que investiga o passado para reimaginar uma visão utópica do futuro.
Queer Utopia foi premiado na 80ª edição do Festival de Veneza, na categoria de XR (Realidade Estendida). Foi produzido em formato de animação que, por meio do óculos de realidade virtual, o telespectador segue um percurso se movimentando por uma grande área. O trabalho, que conta com a narração de Leonardo Vieira, foi exibido na parada gay de São Paulo, neste ano.
Deeper, 30′, dir. Janaína Leite, Brasil, 2024
18 anos
Experiência imersiva que une arte e tecnologia, performance ao vivo e realidade 3D, para explorar e questionar os limites do que conhecemos hoje por “consciência humana” manifestada em experiências limiares. Os territórios da loucura, do sexo, da psicodelia e da proximidade com a morte, revelam-nos uma extensa plasticidade do que hoje entendemos por consciência, que parece ressoar também na investigação sobre as tecnologias que utilizam a realidade virtual.
É um trabalho desenvolvido pela Janaína Leite para o Itaú Cultural. É uma experiência longa, com quase 30 minutos de duração, e bastante imersiva. O participante poderá seguir vários caminhos, vivenciando experiências fortes, como a simulação de ter o seu corpo suspenso por ganchos, ou até mesmo presenciar algumas cena de sexo explícito. É um percurso feito em meio a uma instalação criada no metaverso que será experienciada através da realidade virtual.
O objetivo é escancarar a brutalidade da realidade trans ao imergir o público nas vivências e violências desse universo, provocando a reflexão sobre os problemas e a situação desoladora em que muitas dessas pessoas se encontram atualmente. A experiência é impactante e necessária à conscientização sobre a urgência da causa trans.
O trabalho estreou entre março e abril deste ano, em uma mostra privada do Itaú Cultural e, pela primeira vez, será publicamente exibido no Brasil.
Corpo Invisível, 10′, dir. Lia Kulakauskas, Brasil, 2023
14 anos
Vermelho. Azul. Vermelho. Azul. Sirenes. Uma médica, um juiz, um escrivão, policiais. Um corpo encontra a si mesmo ao ser invisibilizado institucionalmente.
É um trabalho mais curto, com duração aproximada de 10 minutos. É uma dramaturgia dirigida por uma mulher trans em que a encenação de atores se passa num ambiente de realidade virtual, e apresenta a impactante narrativa sobre um caso de violência policial contra mulheres trans. Durante a trama, exibida em realidade virtual, a público experienciará o lugar de uma vítima que sofre transfobia por violência verbal e psicológica, e está sendo interrogada por autoridades policiais.
O curador da mostra, André Fischer, descreve a experiência como forte e realista, sendo possível ao público sentir na pele o sofrimento e o trato violento do sistema durante a apuração de casos que envolvem pessoas trans, como no crime de transfobia.
Secret iD, 6′, dir. Nivaldo Godoy Jr, Brasil, 2023
16 anos
“Secret iD” é um audiovisual criado com inteligência artificial e arte sonora. A obra questiona a hipermasculinidade e a vida dupla presente no imaginário dos super-heróis.
É um trabalho feito em animação, com um olhar 360º de realidade virtual, que satiriza os estereótipos de masculinidade e hipermasculinidade. Possui duração de seis minutos e é considerada mais leve quando comparada às demais experiências, uma vez que a narrativa se desenrola em um tom cômico e irreverente.
Workshop “Redefinindo Narrativas LGBT+ na Intersecção entre Arte e Tecnologia”, 40′, André Fischer, 2024
Livre
Um retrospecto sobre a produção transmídia de temática LGBT+ mundial e as novas tendências em XR – experiências realizadas com RV (realidade virtual) e RA (realidade aumentada).
Workshop realizado em abril de 2024 no New Images Festival, um dos maiores eventos de arte imersiva do mundo, por André Fischer- mestre em Imagem e Som pela UFSCar, fundador e diretor do Festival Mix Brasil e diretor de comunicação da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo.
O tema trata sobre a produção transmídia de temática LGBT+ mundial e as novas tendências em XR (realidade expandida), de experiências realizadas com RV (realidade virtual) e RA (realidade aumentada).
Serviço
Mostra LGBT+VR
Linguagem: Exposição, Mostra.
Curadoria: André Fischer
Datas: 28/06 e 29/06
Horários: Dia 28 das 12 às 18h; Dia 29 das 14h às 18h
Preços: Gratuito
Local: Vitrine Trans Hub do Centro Cultural Olido