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Natura Musical reúne mais de 2 mil pessoas, em 8 horas de shows

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Novo palco musical na Bahia, o Festival Frequências Preciosas se destaca como um espaço de valorização de identidades e expressões culturais estigmatizadas do Norte e Nordeste. Apresentado pela Natura Musical na Praça dos Coqueiros, Piatã, no último sábado, 28, o evento gratuito contou com cinco apresentações de artistas independentes, possibilitando ao público ter contato com nomes emergentes da música brasileira.

Segundo a organização, mais de 2.000 pessoas passaram pelo evento, que começou às 16h e teve oito horas de duração, dividindo espaço com a 10ª edição da Feira da Cidade – uma das mais importantes iniciativas para desenvolvimento da economia criativa do estado. O festival teve como destaque as diferentes tribos presentes, com pessoas de todos os gêneros, todas as idades, diferentes tribos e culturas ocupando o espaço, caracterizado como um local de inclusão e acolhimento.

Abrindo as apresentações, Beatriz Tuxá trouxe a força das suas raízes Tuxá Kiniopará, com canções que retratam as vivências do seu povo. A apresentação da cantora teve direção artística de Suyá Synergy, uma artista renomada de Salvador, que combina sua formação em Composição de Música Eletrônica e Artes em Multimídia pelo Mills College, na Califórnia, com uma profunda paixão pela cura energética através da música. Em seguida, a alegria da cantora de reggae Jôh Ras por se apresentar pela primeira vez no festival, contagiou o público com canções sobre amor, paz e superação, além da participação de Danzi.

Outro momento marcante foi a energia contagiante de Viviane Pitaya, que junto a Jade Lu e Gael Soul, entregou uma apresentação com brega, jazz, reggae e muita baianidade. Já a maranhense Iuna Falcão trouxe ao festival uma fusão da MPB com ritmos negros como blues, samba, reggae e o batuko, de Cabo Verde. Quem também marcou presença foi a rapper Jéssica Caitano, com seu flow potente e a mistura entre beats eletrônicos e a riqueza do sertão nordestino, animando o público junto a cantora Aiace.

Em seu line-up 100% composto por mulheres negras e indígenas do Norte e Nordeste, o festival construiu um repertório variado, contando também com música eletrônica. Foram os casos de Lunna Montty e Miss Tacacá, que apresentaram seus setlists nos intervalos dos shows. Em sua seleção, Miss Tacacá une o tecnobrega à herança cultural do Pará, celebrando a música periférica nortista. Já Lunna, trouxe uma rapsódia com forte pesquisa de artistas negros, passando da house music ao pagodão baiano.

Outra programação que reforçou essa representatividade foi a Feira da Cidade, com foco na transformação dos espaços públicos de Salvador em locais de convívio, cultura, arte e lazer, a partir da exposição de produtos de segmentos como gastronomia, vestuário, decoração e música, marcados por muita baianidade. Caracterizado como um espaço de colaboração, o festival abraçou os expositores locais, que puderam celebrar a cultura local com muita comida, além de ofertarem produtos como ecobags, camisas e discos de vinil, conectando-se com o público que saia da praia direto para o espaço. Importante atividade para o comércio local, a Feira da Cidade movimentou a economia, adicionando mais opções a um público que buscava uma programação diversificada.

Idealizado por Viviane Pitaya e focado em talentos negligenciados pelo mainstream, o projeto nasceu em 2020, com o mapeamento de artistas independentes a nível regional. Com o crescimento da pesquisa, surgiu a plataforma Frequências Preciosas, que serve como uma rede de apoio a artistas em 11 estados brasileiros. 

Em sua primeira edição, o festival se estabeleceu como um novo lugar de resistência e empoderamento para mulheres, permitindo que expressem suas identidades e culturas com orgulho. Segundo um relatório do Ministério da Igualdade Racial do Brasilmulheres pretas e pardas correspondem a 28% da população brasileira. Mesmo com grande contingente populacional, a subrepresentação no trabalho e em expressões culturais ainda é um problema social relevante, reforçando a importância de eventos como o festival.

O Frequências Preciosas foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura da Bahia (FazCultura), ao lado de DecoloniSate, Festival da Diversidade: Paulilo Paredão, Gabi Guedes, Melly e Sued Nunes. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 80 projetos de música até 2022, em diferentes formatos e estágios de carreira, como Margareth Menezes, Luedji Luna, Mateus Aleluia, Mahal Pita e Casa do Hip Hop da Bahia.

O FazCultura é o Programa Estadual de Incentivo ao Patrocínio Cultural da Bahia, instituído pela Lei Nº 7.015/1996,  executado pela Secretaria de Cultura – SecultBa em parceria com a Secretaria da Fazenda – Sefaz, que contribui para estimular o desenvolvimento cultural da Bahia, ao tempo em que possibilita às empresas patrocinadoras associar sua imagem diretamente às ações culturais que considerem mais adequadas. O Governo da Bahia assegurou, em 2024, R$15 milhões para o Programa que promove ações de patrocínio tendo como base a renúncia de recebimento do Imposto de Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS pelo Estado em favor da aplicação direta em projetos e atividades culturais. É uma ação do Estado que une fazedores de cultura, empresas patrocinadoras de interesse social e cultural e toda a população, em diversos eventos e projetos artísticos-culturais de diversas linguagens e está disponível para ser acessado pelo Campo Cultural em todo o território baiano. A principal finalidade do programa é patrocinar financeiramente projetos e atividades que se enquadrem na Política Cultural do Estado, a partir da Lei Orgânica de Cultura da Bahia (Lei de nº 12.365/2011).

O evento é uma realização da Frequências Preciosas e Encruzilhada Hub de Cultura e Arte, com co-produção da ViPi Productions e apoio de parceiros como Natura Musical, Fazcultura e Governo da Bahia. Siga a gente nas redes @frequenciaspreciosas.

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