Marcelo Tas conversa com Ivan Lins, um dos músicos mais reconhecidos e celebrados do mundo. O cantor e compositor conta, no Provoca, sobre a dificuldade em ganhar dinheiro com os streamings e como isso o levou à depressão; fala da professora que tomou um susto o vendo tocar; sobre o convite que recebeu para participar do álbum de Michael Jackson, Thriller, e muito mais. Vai ao ar na TV Cultura, às 22h.
“No Spotify, você tem cerca de 900 mil ouvintes mensais. O que isso significa pra você?”, pergunta Tas: “Significa que eu tenho 900 mil pessoas que gostam da minha música. Se eu tivesse vendendo CD, fosse na época de vender CD, eu poderia, facilmente, tendo essas 900 mil pessoas, vender pelo menos mais 80 mil cópias de CDs e sobreviver com isso, ser remunerado justamente (…) para ganhar R$ 1,00, acho que tem que tocar umas 20 mil vezes no mês”, diz o cantor.
“Não me parece muito justo”, diz Tas, que pergunta como continua essa prosa: “Voltei para terapia pra curar, agora, outra depressão, porque eu perdi minha aposentadoria, Não posso mais diminuir o trabalho, tenho que trabalhar mais do que nunca, porque agora a única fonte de renda que eu tenho é o palco, fazer show (…) O direito autoral vem muito baixo, não é suficiente para eu poder, pelo menos, manter a vida que eu construí através do meu trabalho”, desabafa o artista.
Em outro momento do programa, Lins conta que começou a estudar em 1972, quando já era famoso. “A primeira tentativa foi no piano, com uma professora que ensinava tudo, ela não era só professora de piano, era de harmonia, teoria musical (…) essa mulher foi que salvou minha vida (..) eu cheguei lá e ela falou ‘ótimo, vamos estudar piano, toca aí’. Eu comecei a tocar e ela deu um berro (…) sabe vampiro quando pega o sol na cara? (…) porque a minha técnica era toda errada, eu aprendi sozinho tocar (…) ela falava assim: ‘vou ficar de costa, porque o que eu escuto é lindo, mas o que eu vejo é um pavor'”.
“Você é do tipo que gosta de tocar música antiga ou fica chateado?”, indaga Tas. “Não, eu adoro. Isso é muito da personalidade (…) eu sempre tive medo de ficar sozinho (…) passei minha juventude inteira andando em turma e todas as coisas boas que eu conseguia fazer, eu dividia com meus amigos (…) aí quando eu começo uma carreira e vejo que o público me pede para cantar, eu percebo que eu não estou sozinho. Para mim isso é poderoso, é cumplicidade. Eu toco com alegria e com prazer, como se eu estivesse tocando pela primeira vez (…) eu amo as minhas coisas, eu tenho autoestima com a minha música, eu escuto minha música todo dia (…) e aprendo com elas a reencontrar sentimentos”, diz o cantor.