Ícone do rock alternativo e ex-integrante do lendário Sonic Youth, Kim Gordon mostrou no Popload Festival por que continua sendo uma das figuras mais relevantes da música experimental contemporânea. Em sua primeira apresentação solo no Brasil, a artista entregou um show denso, barulhento e visceral — uma experiência sonora e visual que desafiou convenções e arrebatou quem estava disposto a mergulhar em seu universo.
O setlist foi centrado majoritariamente em seu disco mais recente, The Collective (2024), um trabalho que mistura noise, industrial, hip-hop lo-fi e spoken word. Faixas como “BYE BYE”, “I Don’t Miss My Mind”, “Psychedelic Orgasm” e “I’m a Man” apareceram logo no início, definindo o tom da apresentação com camadas de distorção, beats ásperos e vocais que transitavam entre o murmúrio e o grito.
Do disco anterior, No Home Record (2019), vieram versões ainda mais cruas de “Hungry Baby”, e “Cookie Butter”, esta última recebida com entusiasmo por parte do público. Kim também apresentou “It’s Dark Inside “, uma das faixas mais sombrias e hipnóticas do novo álbum, construída sobre uma base repetitiva e desconcertante que dominou o palco com tensão.
Sem concessões ao formato pop, a performance se destacou em meio à programação do festival por sua proposta radical. A estética era crua, suja, urbana — fiel à visão artística de Kim Gordon, que mais uma vez recusou a previsibilidade.
A plateia, embora dividida, reagiu com respeito e curiosidade. Para muitos, foi uma das experiências mais impactantes do Popload. Um show que não buscou agradar, mas provocar — e, por isso mesmo, cumpriu seu papel com maestria.
collab by Charlie Farewell