Nuta Cookier, é um dos DJ´s e produtores de música eletrônica pioneiros no mercado brasileiro e sem dúvida um dos mais ativos e prolíferos, com lançamentos mensais (por diversos selos internacionais), tours pelo mundo.
A personalidade um pouco tímida, para quem se aproxima, revela uma pessoa de ótima energia e um workaholic nato na música, seja apresentando-se nos formatos DJ e live act, o lado empresarial com o selo Future Scope (que vai muito bem!), e apresentador do programa Full Mix, no canal de TV a cabo All TV, há mais de 10 anos, num total de mais de duas décadas de uma carreira que poucos conseguem alcançar.
Nas suas origens despontou como um dos representantes do Euro Trance no Brasil, gênero que retornou com tudo nos charts do Beatport em 2024, inclusive resgatando instrumentos como o lendário bassline Roland TB-303 (do qual Nuta é um sortudo proprietário), e músicas com mais de 20 anos como a clássica “Universal Nation”, de Mike Push, um dos hinos do estilo. Mas Nuta não se limitou ao estilo e percorre caminhos que vão do Techno (fazendo lançamentos com lendas do estilo como Marco Bailey), até sons mais lounge, numa diversidade rara de produção detectada nos artistas em nível global.
Atualmente envolveu-se com o Trance Raw, estilo que remete os origens do Euro Trance dos anos 90 e 2000, com excelentes resultados nos charts do Beatport.
Nos 33 anos da DJ Sound completados neste mês de novembro de 2023, selecionamos numa da nossa série de 33 entrevistas comemorativas com personagens da cena brasileira em franca expansão.
Nuta nos dá um review da sua caminhada onde ele conseguiu uma sustentabilidade e constância cada vez mais rara entre os artistas brasileiros.
1.Fale um pouco do primeiro contato com a música no geral.
Primeiro contato que tive com a música foi Quando tinha quatro anos tocando flauta. Comecei na flauta, na adolescência fui para DJ e logo após para o piano.
2.De onde veio a ideia de focar na produção musical?
Há mais de 12 anos comandando meu selo, o Future Scope Recordings a ideia de focar na produção musical vem logo quando comecei a tocar como DJ. Sempre tive vontade de criar minhas músicas, poder criar meus próprios sons com a minha característica e transmitir a energia que me toca.
3.Qual a sua visão como, compositor e produtor musical após tantos anos?
Após tantos anos nesse cenário, posso dizer que a composição, produção musical requer muito estudo, muita dedicação, paciência, resiliência, força de vontade. Outro ponto importante é acreditar no som que você faz, se sentir feliz com suas músicas, e com a mensagem que está passando. Um detalhe muito importante para cada novo trabalho é escutar muitas vezes, testá-las e se preciso mudar algo.
4.Como foi lançar seu primeiro single?
O primeiro single é muito importante pois ele destrava caminhos e anima você para novos lançamentos. A felicidade do primeiro single é algo muito especial, um momento muito esperado. Foi um processo natural que aconteceu naquela época eu usava apenas o nome DJ Nuta, depois mudei para Nuta Cookier então o primeiro lançamento single foi “Prague To São Paulo”.
5.Fale sobre suas inspirações musicais, de onde eles vêm?
Minhas inspirações são sempre baseadas na conexão espiritual, natureza, estrelas , planetas. Também gosto de tocar piano, músicas clássicas. Outra coisa que faço é escutar sons antigos da música eletrônica.
Busco dentro de mim acessar essas inspirações.
6.Como é o seu processo de composição?
Primeiro eu defino o estilo que vou compor, a partir desse momento, trabalho em cima dos elementos musicais adequados para compor determinado estilo, definir o tom da música, escala que irei usar, a mensagem que desejo transmitir. Importante também estar me sentindo bem descansado e focado. Conectado comigo mesmo, com mundo espiritual e natureza.
7.Qual foi seu maior desafio nas suas produções até agora?
Já criei diferentes estilos musicais, sempre tento introduzir estilos e sonoridades únicas. Posso dizer que foi um desafio fazer uma trilha para um documentário com outro estilo bem diferente do que eu costumo fazer.
8. Como é seu trabalho de estúdio para produzir usando hardwares em tempos de Computer Music e soft synths?
Costumo usar muitos hardwares no processo, gravo os Instrumentos para dentro do Cubase, nele monto a música.
Também tenho alguns soft synths que em algum momento posso usar. Tudo é válido desde que se adeque ao som que irei fazer.
Importante você usar sons únicos os hardwares te dão isso além de sons muito potentes e analógicos. Minha base no estúdio são os hardwares mesmo.
9.Qual a decisão mais importante na sua vida para dedicar-se a música de forma profissional?
Viver a música 24 horas, estar sempre focado criando, compondo, estudando, lançando músicas novas , fazendo workshops .
Estar presente nas redes sociais, divulgar seu trabalho para o público em geral.
10.A partir de que momento passou a planejar sua carreira?
A partir do momento que você quer ter um destaque dentro da sua carreira musical precisa organizar e planejar, se dedicar, criar uma estrutura de ensaios, de lançamentos, de horários para criar.
Tem que estar tudo muito bem definido, prazos, existe um mercado, que exige planejamento. Importante sempre correr atrás do que deseja com organização.
11.Descobrindo os meandros da profissão o que lhe motivou, qual foi seu maior desafio de você até aqui individualmente como DJ e produtor musical?
Minha motivação sempre foi trazer música de qualidade a todos, alegria, energia boa. É um grande desafio estar se renovando, inovando criando sons únicos. Estar atualizado e acompanhando os lançamentos musicais, eventos, festas, novos sintetizadores, tudo que envolve o cenário.
12.Qual foi o maior mindset no segmento até o momento para você?
Um mindset que achei muito importante foi uma entrevista do Paul Van Dyk “no qual ele disse toque o estilo que você gosta só assim terá sucesso.
13. Depois de tanto tempo na estrada você deve ter muitas histórias engraçadas e até casos não tão legais. Conte para nós um de cada desses momentos?
Uma vez estava com o DJ alemão Talla 2XLC para tocar no Rio De Janeiro, na epóca dos jogos Panamericanos, a cidade estava um caos, ficamos no hall do hotel esperando quatro horas o motorista do evento.
Outra bem puxada foi uma festa que toquei na sexta-feira no Café Curaçao ( Guaratuba-PR), o motorista do evento seguinte que eu ia tocar em Balneário Camburiú (Santa Catarina ), ficou de me pegar pela manhã, o carro quebrou ele me pegou 18h30 cheguei em BC às 20h30 , estava sem dormir por mais de 24 horas .Chegando hotel pensei que ia dormir, deitei por cinco minutos e ligaram pedindo para descer, pois a van estava esperando os artistas para ir na festa no club Ibiza (de Balneário Camboriú), onde nessa noite tocou o DJ holandês Ton TB, o Nude em seu último show de carreira, entre outros . Toquei, terminei as sete da manhã voltei para hotel acabei ficando 48 horas sem dormir neste dia. Outra vez viajei para tocar com meu live act num club em Campinas juntamente com Eric Marke e outros artistas, chegamos montamos todos lives, o club abriu e não foi nenhuma pessoa no recinto, ou seja fomos até lá e não tocamos.
14.Qual é o lado mais bacana dessa profissão e o lado por vezes mais desagradável?
O lado mais bacana para mim é sentir a vibração do público, a energia da pista, uma sensação que não se pode descrever com palavras.
O lado ruim diria na desvalorização do artista, e falta de mais locais para os artistas se apresentarem.
15.Como é sua relação com o Music Business com essa sua vivência como DJ e seu selo musical nesta cena cada vez mais globalizada?
Estou diretamente envolvido no Music Business com meu selo , eventos que organizo, participo de muitos workshops como o que teve em Curitiba dentro do museu Oscar Niemeyer, organizado pela escola Yellow; onde palestrei falando sobre selos nacionais, e numa outra palestra que fiz com Eric Marke e o DJ Murphy sobre a historia da Música Eletrônica do Brasil.
O meu selo musical está indo muito bem, esse ano de 2023 já atingimos mais de 274 lançamentos, muitas musicas e lançamentos dentro do Top 100 do Beatport.
16.Fale um pouco mais do estilos musicas como o Trance Raw que você esta se dedicando no estúdio além do Techno? Você segue as tendências do mercado baseado no Beatport?
Esse estilo ele busca trazer a sonoridade do trance clássico dos anos 90 até 2000, onde usava-se a Roland TB-303, as drum machines TR-909, TR-808, e os synths Roland SH-101 e 106. Batidas fortes do Techno com melodias viajantes de trance, mais o acid fritando com a TB-303, pads e texturas bem viajantes sempre com um som bem nítido, muito bem equalizado.
Não sigo tendências baseado no mercado do Beatport , quando descobri que tinha lançado esse novo velho trance (o Trance Raw), eu já tinha muitas músicas prontas, que não tinha lançado ainda pois não iria estar no estilo de trance correto e não teria destaque .
17.Você tem tido bons resultados com seus lançamentos no Beatport, fale um pouco sobre esses fatos.
Os dois últimos lançamentos meus pelo trance (o Trance Raw) “Universe Call” entrou no Top 100 charts de tracks no Beatport, entrou no Top#2 releases do trance (do Trance Raw ), e o último lançamento “Jupiter Ship“ entrou também no Top 100 charts do Trance (na linha Trance Raw), no Beatport e releases e
“Best New Trance“. Meu último lançamento de Techno, “Orbit Galaxy“ entrou no top 100 charts Techno no Beatport e também nos releases e “Best New Techno“, neste lançamento. Neste ano de 2023 tive dez lançamentos no Top 100 do Beatport com suporte de grandes nomes como Richie Hawttin, Ilario Alicante, Anela, só para citar alguns.
18.Aonde quer estar nos próximos cinco anos? Quais são os planos atuais?
Continuar fazendo músicas lançando estar focado em me apresentar em festas e clubs legais, tanto com meu live act quanto como DJ, além de em festas e eventos importantes pelo mundo todo.
19.Na sua visão quais são seus maiores diferenciais para o mercado de música?
Diferencial consigo compor diferentes estilos da música eletrônica, música new age “healing music“, os hardwares que uso também um diferencial ter esses instrumentos. . No meu live act uso apenas os instrumentos eletrônicos sem o uso do computador, além de ter um estilo próprio de criar e compor .
20.Você tem diversos projetos musicas com diferentes sonoridades, explique cada um deles.
Isso mesmo, são diversos projetos musicais; um projeto da música eletrônica dançante outro vai para música na sonoridade new age para meditação, relaxamento, conexão espiritual. Na New Age uso sons que se repetem como um mantra para entramos num estado meditativo de relaxamento, com synths muitos teclados e alguns sons tibetanos como singing bowl, além de mantras que entoam. Outro projeto na parte do Chill Out estilo irmão do New Age , onde uso muitos synths com pads e sons viajantes, também uso bateria eletrônica para fazer a parte da bateria com sons percussivos, batidas quebradas com BPM´s entre 70 a 90. No techno e trance trabalho com muito som do Roland TB-303 acid , synths e bateria eletrônica.
20.Qual foi seu primeiro disco que você comprou?
Olha não lembro exatamente, mas lembro de alguns bem clássicos como “ Gouryella “do Ferry Corsten, “Universal Nation“ de Mike Push, “Lizard“ de Mauro Piccoto e tantos outros.
21.Qual foi a primeira música que te impactou de fato?
Com certeza foram os trances dos anos 90 a 2000. Posso dizer que uma música das mais incríveis para mim foi “For An Angel”, do Paul Van Dyk.
22.Fale da sua apresentação no finado festival Skol Beats com o Nude em 2002?
Essa apresentação foi histórica, tinha feito duas músicas com o Nude no qual me convidaram para tocar juntamente com eles no momento do show que fossem tocar as duas músicas, lembro muito bem estava eu lá com meu Korg Triton, o Nude tinha levado também muitos synths (mais de 250 kg de equipamentos), estava maravilhoso. O evento marcou época no Autódromo de Interlagos no palco principal tocamos para 25 mil pessoas, estava lotado, sound system de extrema qualidade, palco digno de um festival desse porte , o público delirava gritava uma vibração incrível, com certeza foi algo muito especial e inesquecível. Fomos destaque numa página do jornal Folha de S. Paulo, o álbum deles contendo minha música em collab saiu no mesmo ano, tudo numa sincronização perfeita de trabalho, depois seguimos em tour, com eles no live act e eu no DJ set.
23.Um sonho já realizado na música?
Lançar minhas músicas em vinil
24.Um sonho a ser realizado na música?
Tocar no festival Awakenings de Amsterdã.
25. Tem algum hobby fora música? Se sim, qual ?
Sim tenho esportes, musculação faço cinco ou mais vezes por semana, yoga , kung-fu, futebol adoro ir a jogos assistir no estádio, conexão espiritual, viajar, meditar.
26.Uma frase que te define como pessoa e profissional da música?
Determinação acreditar sempre, focar na boa energia sempre .
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