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O terceiro ato da ópera-rock “Doze Flores Amarelas”, dos Titãs !

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O terceiro ato da ópera-rock “Doze Flores Amarelas”, dos Titãs, já está disponível em todas as plataformas digitais.

A banda grava DVD do espetáculo amanhã, dia 12 de maio, no Teatro Opus.

O registro será lançado dia 13 de julho, junto com o CD com as músicas inéditas.

Titãs lança Ato 3 da ópera-rock “Doze Flores Amarelas”.

“Doze Flores Amarelas” é como se fosse o primeiro disco dos Titãs.

Essa não é frase de efeito nem negação de passado multiplatinado, com 14 trabalhos de estúdio anteriores, mais de 7 milhões de discos vendidos, Grammy, documentário e 36 anos de carreira coesa.

É uma constatação na hora em que os três integrantes originais do grupo – Branco Mello, Tony Bellotto e Sérgio Britto – sentam para falar sobre a obra.

Porque na verdade é uma obra na acepção da palavra – “Doze Flores Amarelas”, o recorte musical que sai agora nas plataformas digitais e em breve em CD duplo pela Universal Music, é a perna sonora da primeira ópera rock realizada por uma banda no Brasil.

As duas outras pernas do tripé são o teatro, claro, na encenação em palco, e o cinema (ou algo próximo disso) nas projeções que compõem o espetáculo.

Falemos disso depois, afinal os Titãs são um grupo musical e estamos discorrendo mais propriamente sobre o disco.

“Se você escuta as músicas têm um pouco de tudo o que já fizemos”, diz Tony Bellotto.

“A sonoridade é coesa, há uma unidade titânica”, completa Sergio Britto.

Duas afirmações completamente realistas.

Da primeira à 25a música do trabalho há a assinatura Titãs em todas – essa é a fórmula da longevidade do grupo, ter esse carimbo reconhecível mesmo que se ouça cinco segundos aleatórios de uma das faixas.

Mas o que diferencia este “Doze Flores Amarelas” de outros trabalhos fica evidente na empolgação quase juvenil com que os integrantes o discutem.

E eles realmente o discutem a três no meio da conversa, mostrando que o caminho foi tão natural para se chegar ao formato de ópera rock que não houve plano rígido prévio.

“Quando você está em uma banda, existe na hora de gravar um disco novo uma certa fórmula que acaba sendo burocrática”, diz Sergio Britto.

“Aqui nós tivemos tanta liberdade criativa que as coisas foram acontecendo naturalmente”, amplia Branco Mello.

Se pegar o trabalho anterior, “Nheengatu”, de 2014, pode-se encará-lo como um passo na direção do que veio a ser “Doze Flores Amarelas”.

Já tocavam conceitualmente em temas como pedofilia e violência contra a mulher.

Só que os Titãs sempre foram cronistas de seu tempo. E sempre foram a banda mais energética sobre o palco do cenário roqueiro brasileiro.

Quem assistiu a um dos shows desde a turnê de “Cabeça Dinossauro”, de 1986, até a mais recente, sabe na prática disso.

Um show deles é como se pegassem o espectador pelo cangote e gritassem refrões no peito, muitas vezes em três vozes simultâneas: “Polícia!”, “Vão se foder”.

Não existe banda mais categorizada, logo, para criar a primeira ópera rock brasileira.

Para isso, voltaram a ser um polvo de oito tentáculos – além dos três, o baterista Mario Fabre, o guitarrista Beto Lee e três vocalistas, Corina Sabbas, Cyntia Mendes e Yas Werneck, que fazem as três Marias do espetáculo.

Mantiveram o produtor Rafael Ramos, utilizaram colaboração em argumento ao trio de Hugo Possolo e Marcelo Rubens Paiva, convocaram Jaques Morelenbaum para arranjos de cordas e fecharam a escalação.

Uma sinopse rápida revela a emergência do argumento de “Doze Flores Amarelas”- as três Marias resolvem contar com a tecnologia, um aplicativo de match de nome Facilitador, para aproveitarem melhor uma festa.

O artifício dá errado e elas acabam sendo violentadas por cinco caras.

Recorrem novamente ao mesmo aplicativo para tentar consertar a situação e este sugere a magia das doze flores amarelas, que batiza o espetáculo.

Voltando ao disco, a recomendação de Lou Reed na contracapa do disco “New York” nunca fez tanto sentido: “escute este disco como se estivesse lendo um livro”.

Essa é a base das 25 músicas e interlúdios (narrados por Rita Lee) de “Doze Flores Amarelas”.

Se você escutar com a atenção às letras de quem lê um livro, sai com urgência de assistir ao espetáculo.

Muito por conta de o texto não ser exatamente literal, mas com certas aberturas que permitem ao ouvinte ou espectador se apropriar da história e extrair de acordo com seu entendimento.

Sonoramente são os Titãs em todo espectro que abriram em quase quatro décadas de serviços.

Vai de Rocks diretos com pé no Punk – “Weird Sisters”, “A Festa”, “Hoje”, “Canção da Vingança”, “Personal Hater”, “De Janeiro a Dezembro”, “Não Sei” e “Me Chamem de Veneno”– a balada quase brit pop – “Disney Drugs”, “Mesmo Assim” -, jazz, soul, R’n’B, gospel em condução de piano – “Fim de Festa”, “Doze Flores Amarelas”, “Ele Morreu”, “Pacto de Sangue”, “É Você” e “Sei que Seremos” – até rock’n’roll 50s (“Facilitador”) e um quase stoner rock (“Réquiem”). Ou seja, tem todas as cores do arco-íris titânico realmente.

A inovação, em relação ao que conhecemos como referências em óperas-rock, como “Tommy” (The Who), “The Wall” (Pink Floyd) e “American Idiot” (Green Day) é que não foi um disco conceitual que se tornou um espetáculo, mas um impulso criativo que gerou tudo isso.

Por isso o espetáculo “Doze Flores Amarelas” traz as projeções, a encenação que faz com que os integrantes se apresentem como atores e músicos no palco.

Este é o argumento inequívoco para dizer que pode não ser o debute deles, mas é exatamente como se fosse.

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