É com imenso pesar que a família Universal Music Brasil informa o falecimento do nosso querido produtor musical Sérgio de Carvalho, um profissional que deixa um enorme legado para a nossa música; um amigo que deixará profundas saudades entre todos da companhia.
Nos últimos tempos atuando como Gerente de A&R da Universal Music Publishing, a trajetória profissional de Sérgio de Carvalho é permeada por inúmeros sucessos e conquistas.
A história da Universal (Phonogram, Polygram, MCA) passa por ele, que assinou a produção de mais de 100 discos para a companhia.
Consternados com essa triste notícia, nos solidarizamos com seus irmãos Mú e Dadi Carvalho e Heloisa Tapajós, toda a sua família e amigos.
“No dia que eu conheci o Sérgio Carvalho, eu vi, gostei do astral dele e intuitivamente eu falei: vou convidar esse cara para trabalhar comigo.
Precisava de um assessor, mas ele não tinha a experiência de trabalhar com música.
Mas no primeiro dia conversei com ele e percebi que ele era o cara.
Contratei-o e, em menos de um ano, ele já se tornou produtor. Coloquei-o para produzir Gilberto Gil.
Trabalhei com ele por uns 10 anos.
Foi um cara de um astral fantástico.
Só fico satisfeito que ele partiu da mesma forma que levou a vida. Tenho grandes lembranças desse meu amigo”,
disse o músico, arranjador, compositor e produtor musical Roberto Menescal, que foi o primeiro a apostar no talento de Sérgio de Carvalho como produtor musical.
“Hoje é um dia triste, perdemos um dos ícones da indústria.
Uma referência e uma sumidade para muitos!
Sérgio Carvalho foi responsável/ produtor de alguns dos mais importantes discos de toda a indústria.
Sua hábil e fácil comunicação fazia dele uma pessoa querida por todos. Conversava desde do porteiro até o presidente com o mesmo respeito e atenção. Sua passagem pela editora da BMG – e agora na Universal – também foi de grandes realizações.
Uma pessoa alegre e simpática que conquistava todo mundo.
Tinha e fazia amigos por onde passava!
Sentiremos muito a falta dele, mas seu legado ficará eternizado em nossos corações e memória.
Obrigado amigo.
Vá em paz!” comenta Marcelo Falcão, Diretor Superintendente da Universal Music Publishing.
“A vida é muito frágil e, com muita tristeza, perdemos o nosso amigo querido Sérgio Carvalho.
Ele foi um dos profissionais mais importantes da indústria da música brasileira e ficará eternizado através de tantos artistas e compositores que descobriu em nosso país.
A família Universal Music chora por sua ausência física, mas jamais esquecerá da alegria e da felicidade que ele demostrou durante todos os dias de sua vida.
Sérgio será sempre lembrado por nós e, em sua homenagem, a sala de reunião da Universal Music Publishing se chamará ´Sala Sérgio Carvalho´. Que ele descanse em paz.”, disse Paulo Lima, Presidente da Universal Music Brasil.
“A família informou que o velório foiamanhã (27/01), na Capela 5 do Cemitério São João Batista, em Botafogo, das 10h às 15h.
A cerimônia de cremação foi realizada no Crematório São Francisco Xavier, no Caju, às 16 horas.”
Biografia Sérgio de Carvalho
Irmão de Mú Carvalho (tecladista, compositor e produtor musical), Dadi (baixista, compositor e cantor) e Heloisa Tapajós (pesquisadora de MPB). Primo, pelo lado paterno, de Beto Carvalho (radialista e produtor musical) e Guti Carvalho (produtor musical). Tio de Daniel Carvalho (músico e produtor musical).
Primo, pelo lado materno, do pianista Homero Magalhães e de seus filhos músicos Homero Magalhães Filho, Alain Pierre, Alexandre Caldi e Marcelo Caldi. Entre 1965 e 1970, integrou grupos musicais amadores, atuando como baterista.
Ingressou na Faculdade de Economia da PUC/Rio em 1971, deixando o curso três anos depois para se dedicar integralmente à atividade de produtor musical.
Dados Artísticos
Iniciou sua carreira profissional em 1972, como produtor musical contratado pela Polygram, tendo permanecido na gravadora até 1981.
Em 1974, produziu um projeto com Leon Russell e músicos brasileiros, gravado nos estúdios RCA.
No ano seguinte, produziu duas faixas do artista Mick Jagger, gravadas no Brasil para um projeto solo.
Em 1976, foi responsável pela criação do grupo A Cor do Som, integrado por Dadi, Mu Carvalho, Armandinho, Gustavo e Ary Dias.
Ainda neste ano criou a série “Música popular brasileira contemporânea” (PolyGram), que abriu importante espaço para a música instrumental brasileira.
Em 1978, atuou como diretor musical de dois especiais de Chico Buarque: “Fados tropicais”, para a Rádio Televisão Portuguesa, em Lisboa, e “Cálice”, para a TV Bandeirantes.
Em 1981, realizou estágio de produção musical e gravação no Trafalgar Record Studios, em Roma.
De 1981 a 1994, exerceu a função de produtor musical contratado da Rede Globo de Televisão, tendo sido responsável por diversos especiais e trilhas de novelas da emissora.
Atuou, também, como produtor de discos autônomo, realizando trabalhos para diversas gravadoras, e também como produtor musical de trilhas sonoras para cinema.
Entre 1972 e 1994, assinou a produção musical de discos de Chico Buarque (“Calabar, o elogio da traição”, “Sinal fechado”, “Meus caros amigos”, “Cálice”, “Vida”, “Joana, a francesa”, “Os saltimbancos”, “A ópera do malandro” e “Chico em español”), Caetano Veloso & Chico Buarque (“Caetano e Chico juntos e ao vivo”, em 1972, e “Ao vivo com convidados”, em 1986), Chico Buarque & Milton Nascimento (“Cio da terra”), Fafá de Belém (“Banho de cheiro”), Emílio Santiago (“Emílio”, “O canto crescente”, “Guerreiro coração” e “Amor de lua”), Edu Lobo (“Camaleão” e “Tempo presente”), Gal Costa, Elba Ramalho, Luiz Melodia (“Pérola negra”), Quinteto Violado (“A feira” e “A missa do vaqueiro”), Nara Leão (“Meu primeiro amor”), Simone (“Delírios, delícias”), Leo Jaime (“Direto do meu coração pro seu”), João Bosco (“Bosco”), Francis Hime (“Essas parcerias” e “Clareando”), Altamiro Carrilho (“Antologia do chorinho”), MPB-4 (“Lindo balão azul” e “Caminhos livres”), Quarteto em Cy, Nara Leão e MPB-4 (“Música popular infantil”), Guilherme Lamounier (“Um toque de amor” e “Enrosca”), A Cor do Som (“Magia tropical”), MPB-4 e Quarteto em Cy (“Vinicius de Moraes, a arte do encontro”), Zizi Possi (“Pedaço de mim”) e Raul Seixas (“Há dez mil anos atrás” e “Raul Rock Seixas”), entre outros
Produziu também discos de artistas internacionais, como Mercedes Sosa (“San Vicente”, Argentina) e Ana Belém (“Ana em Rio”, Espanha), totalizando 102 álbuns produzidos.
Como produtor musical da TV Globo, dirigiu diversos especiais de artistas, como Roberto Carlos (destacando-se 10 especiais de Natal do cantor), Rita Lee (“Saúde”), Chico Buarque & Caetano Veloso (série de 12 programas com a participação de vários artistas brasileiros, como Tom Jobim, Gal Costa, Maria Bethânia, Elza Soares e Jorge Benjor, entre outros, além de internacionais, como Pablo Milanês, Sílvio Rodrigues e Mercedes Sosa), Jorge Benjor (“Energia”), Djavan (“Facho de luz”), Elba Ramalho (“Coração brasileiro”), Luiz Gonzaga (“Danado de bom”), Blitz (“Contra o gênio do mal”), Baby e Pepeu (“Masculino/Feminina”), Ivan Lins (“Juntos”), Leandro & Leonardo (série de especiais na Disneyworld) e Simone (“Raio de luz”), entre outros, além de artistas internacionais, como David Bowie, Sting e Cyndi Lauper.
Ainda na TV Globo, assinou a direção musical do Festival dos Festivais e dos projetos “Canta Brasil I e II” (com participação de vários artistas), e a produção musical das transmissões dos eventos “Hollywood Rock” e “Free Jazz Festival”, além de ter realizado a produção musical de trilhas sonoras, e seus respectivos discos, de novelas e minisséries, como “Fera radical”, “Bambolê”, “O primo Basílio” e “O Salvador da pátria”.
Como produtor musical de trilhas sonoras para cinema, participou dos filmes “Joana, a francesa”, de Cacá Diégues, “Vai trabalhar, vagabundo” e “Se segura, malandro”, ambos de Hugo Carvana, “A noiva da cidade”, de Alex Viany, “Certas palavras com Chico Buarque”, de Maurício Beru, “Eu te amo”, de Arnaldo Jabor, “O cavalinho azul”, de Eduardo Escorel, e “Sole nudo”, do diretor italiano Tonino Cervi.
De 1994 a 1997, exerceu a função de diretor artístico da gravadora BMG, onde, com um cast de 43 artistas, foi responsável por 97 discos de músicos como Chico Buarque, Paulinho da Viola, Gal Costa, Elba Ramalho, Joanna, Zé Ramalho, Grupo Raça, Roupa Nova, José Augusto, Amado Batista, Eliana, Engenheiros do Hawaii, Gian & Giovani, Chiclete com Banana, Lulu Santos, Fábio Jr. e Fagner, entre outros.
Nesse período contratou, além de outros, o grupo de samba Os Morenos e o grupo de pop-rock Pato Fu, consolidados posteriormente como expoentes desses segmentos.
Em 1996, além de responsável pela direção artística da gravadora, produziu o CD “Bebadosamba”, de Paulinho da Viola, que valeu ao compositor e cantor seu primeiro Disco de Ouro e o Prêmio Sharp em cinco categorias (Melhor Disco, Melhor Música, Melhor Arranjo, Melhor Cantor e Melhor Capa).
Ainda na BMG, desenvolveu a carreira do grupo Só Pra Contrariar, que atingiu a vendagem de seis milhões de cópias em quatro discos produzidos nesse período, com destaque para o CD “Só Pra Contrariar-97”, primeiro Disco de Diamante triplo da história da indústria fonográfica brasileira, por ter atingido a vendagem recorde de três milhões de CDs.
Em 1997, transferiu-se para a Universal Music (que então iniciava suas atividades no Brasil), com a tarefa de montar um cast de artistas locais, exercendo o cargo de diretor artístico. Nessa gravadora, consolidou a carreira da dupla Claudinho & Buchecha, cujo disco “A forma” foi contemplado com um Disco de Diamante (um milhão de cópias vendidas), além de ter sido responsável pelos CDs de Ed Motta “Manual prático”, contemplado com seu primeiro Disco de Platina, e “Remix e aperitivos” (Disco de Ouro).
Contratou o conjunto Os Morenos, que também recebeu ali seu primeiro Disco de Ouro, e o cantor Wando (Disco de Ouro com “Palavras inocentes”), além de Elza Soares, Bezerra da Silva e Lobão.
Em 1999, assinou a produção musical do CD “Claudinho & Buchecha ao vivo”, sendo indicado para o Grammy Latino na categoria Melhor Produtor.
Após a fusão da Universal com a PolyGram, em janeiro de 1999, permaneceu na mesma função, assinando a direção artística de discos de Ney Matogrosso, Zizi Possi, É o Tchan , Netinho, Os Morenos, Claudinho & Buchecha, Banda Beijo, Grupo Raça Negra, As Meninas (“Xibom, bom bom”) e Alcione e João Gilberto (“Voz e violão”).
Em 2002, retornou à BMG, produzindo uma série de dezesseis discos do programa “Fama” e, a partir deste projeto, permaneceu nessa gravadora como consultor de A&R, participando da produção de diversos artistas, como Ana Carolina, Danny Carlos e Titãs, entre outros.
Em 2002, retornou à BMG, produzindo uma série de dezesseis discos do projeto “Fama” (Rede Globo). Permaneceu na gravadora até dezembro de 2004, como consultor de A&R, participando da produção de diversos artistas, como Ana Carolina, Danni Carlos e Titãs, entre outros.
Em 2005, como produtor autônomo, foi responsável pelos seguintes projetos: “Rock’n’road all night” (CD) e “Rock’n’road live” (CD e DVD), de Danni Carlos, “Alexia Bomtempo” (CD), “Bem demais” (CD), de Gláucia Nasser, e “A Cor do Som Acústico” (CD e DVD), do grupo A Cor do Som. No final desse mesmo ano, assumiu a Gerência de A&R da BMG Music Publishing.
Paralelamente ao seu trabalho na editora, continua exercendo a atividade de produtor musical, tendo sido responsável, em 2006, pelo CD “Rock’n’road movies”, de Danni Carlos.
Ao longo de sua trajetória profissional, como produtor musical e diretor artístico, sua atuação na indústria fonográfica gerou uma participação da vendagem de mais de 38 milhões de discos e um total de 86 Discos de Ouro, 29 Discos de Platina, 20 Discos de Platina duplo, 12 Discos de Platina triplo, dois Discos de Diamante, um Disco de Diamante duplo e um Disco de Diamante triplo, e ainda o prêmio Grammy da 43ª edição da Academia Norte Americana, na categoria Best World Music Álbum, pelo CD “Voz e violão”, de João Gilberto.
É membro votante da National Academy of Recording Arts & Sciences (Naras) e da Latin Academy of Recording Arts & Sciences (Laras), responsáveis pelos Prêmios Grammy.
Fonte Biografia e Dados Artísticos: Dicionário Ricardo Cravo Albim