A penúltima semana de setembro marcou o início da Primavera. Com ela, a esperança de um renascimento do setor cultural do país.
Apesar de parte da população não estar cumprindo com as regras de distanciamento social lotando praias e bares, falta o “sinal verde” do governo para que eventos, teatros, bibliotecas, circos, museus e exposições possam retomar suas atividades de forma segura.
A maior capital do país, São Paulo, ainda encontra-se na Fase Amarela, com previsão para entrar na Fase Verde no dia 9 de Outubro.
A Fase Verde é a penúltima do Plano São Paulo, que determina a abertura parcial das atividades do Estado.
A última Fase, a Azul, se dará quando a pandemia estiver sob controle, com a liberação de todas as atividades com protocolos.
Mesmo que ainda falte um tempo até chegar a Fase Azul, com a assinatura dos protocolos de reabertura do setor cultural, a prefeitura de São Paulo deu o primeiro passo para a aguardada retomada comercial de um setor que passou os últimos oito meses sem enxergar uma luz no fim do túnel.
Antes de estourar os rojões, porém, muita calma nessa hora.
Primeiro, vale lembrar que ainda não existe uma vacina contra o COVID-19.
Embora a expectativa de que esteja disponível em dezembro, enquanto o sonho não se torna realidade pode ser que a prometida reabertura possa também gerar uma nova onda ainda maior de casos de COVID no Brasil.
É o que Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e França estão vivendo nesse momento, após terem afrouxado as regras de distanciamento social nos últimos meses de verão no hemisfério norte.
Em segundo lugar, vale lembrar que o setor cultural foi bruscamente interrompido, do dia para a noite, em março desse ano. Sua recuperação não será instantânea.
Como um paciente internado por muitos meses, será preciso muita paciência e cuidados para que volte a ter a mesma saúde e disposição que antes.
O protocolo de reabertura de eventos de São Paulo, por exemplo, prevê encontros presenciais de no máximo 600 pessoas. Eventos de até 2 mil pessoas poderão ser realizados somente com uma aprovação especial do estado.
Ou seja, grandes eventos como festas e festivais… somente a partir de 2021, mesmo.
Por outro lado, apesar das restrições, é positivo enxergar iniciativas como a Expo Retomada, evento híbrido marcado para os dias 13 e 14 de Outubro em São Paulo, organizado por profissionais do setor de eventos para discutir o futuro dessa indústria.
Por fim, vale lembrar que embora o movimento nas ruas (e praias e bares…) pareça ter voltado com força total, uma parcela significativa dos Brasileiros continua em suas casas respeitando as regras de distanciamento social.
Além das pessoas em grupos de riscos, existem as que são solidárias aos outros, saindo de casa somente para atividades essenciais, e contribuindo para o controle do novo coronavírus ao seu redor.
:: É AQUI QUE ENTRA O CONCEITO DE FISIOTERAPIA SOCIAL ::
Fisioterapia social é uma expressão criada por Ricardo Freire, pioneiro dos blogs de viagem no país, para explicar esse exercício de “reaprender a fazer as coisas”. Como sair de casa ou viajar, por exemplo (vale muito a pena ler essa interessantíssima entrevista dele)
Mesmo com a liberação dos eventos e demais atividades culturais, ultrapassar as barreiras do medo e da desconfiança será um dos principais desafios do setor.
Para isso, em primeiro lugar, é necessário encarar a retomada dos eventos sob a lógica da redução de danos.
Se tem algo que aprendemos com essa pandemia é que as pessoas enxergam a cultura e o entretenimento como atividades essenciais em suas vidas.
Adotar o pensamento de redução de danos é aceitar o fato que as pessoas vão se reunir presencialmente.
Ao invés de negar essa necessidade social de interações físicas, devemos buscar soluções para que isso seja feito de forma segura.
No paralelo, é importante penalizar duramente quem não respeita as regras, preferencialmente publicamente, como forma de advertência para quem não segue o exemplo.
Antes de concluir essa CÁPSULA, é preciso lembrar que antes passar para a Fase Verde do Plano São Paulo, o estado deve estar com os seguintes critérios sob controle:
- Ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs);
- Total de leitos por 100 mil habitantes;
- Variação de novas internações, em comparação com a semana anterior;
- Variação de novos casos confirmados, em comparação com a semana anterior;
- Variação de novos óbitos confirmados, em comparação com a semana anterior;
Ou seja, SE e SOMENTE esses critérios estiverem sob controle, é que a retomada do setor cultural poderá começar novamente.
Até lá, para não correr o risco de ter que “andar duas casas para trás”, é fundamental que o setor de cultura e sociedade sigam todos os protocolos.
Mais que nunca, é hora de mostrar que a diversão pode – e deve – ser levada a sério.
:: 4 CUIDADOS QUE ORGANIZADORES de EVENTOS DEVEM TER na REABERTURA DOS EVENTOS ::
Você sabia que a Coréia do Sul culpou o setor de eventos pela segunda onda de contágios no país?
Ou seja, a responsabilidade de quem organiza eventos hoje é dobrada.
Abaixo seguem algumas sugestões para que seu evento esteja enquadrado dentro das exigências esperadas nesse momento.
Lembrando que o próprio protocolo do Plano de São Paulo determina o que pode e o que não pode nesse momento.
:: 1 – Comunicação ::
Seu evento começa muito antes da data de realização.
Você deve deixar claro ao longo de toda a comunicação quais são os cuidados que a sua produção está tendo e quais são as regras para os seus participantes seguirem.
:: 2 – Chegada ::
Mais que nunca, faz-se necessário obter o máximo de informações sobre os participantes do seu evento, inclusive com a preocupação de um monitoramento e possíveis avisos futuros.
Testar a temperatura de todos os participantes é necessário. Assim como o uso de máscaras e respeitar as regras de distanciamento social (1,5m por participante).
Caso seja necessária a revista, esta deve ser feita com detectores de metais.
Pense no mínimo de contato possível. Inclusive nas transações comerciais dentro do seu evento.
:: 3 – Circulação ::
Na entrada e dentro dentro do seu evento, é necessário dispor de álcool em gel, água e sabão nos banheiros.
Também é importante manter avisos espalhados pelo evento, assim como mensagens no telão (caso haja), reforçando protocolos de segurança e higiene em todos os momentos.
Bares, banheiros e locais de alta concentração devem ter um responsável dedicado para manter o distanciamento e fluxo das pessoas bem organizado.
Dê preferência para locais abertos e busque eliminar da sua planta locais fechados e de circulação estreita.
:: 4 – Saída ::
Mais uma vez, não é porque seu evento acabou que você não deve assumir a responsabilidade pela sua saída.
Esse é um dos momentos que mais acontecem aglomerações, então você deve considerar criar opções para que todos não tenham que sair de uma só vez.
Considere múltiplas saídas, em horários distinto.
Também, parcerias com serviços de transporte comprovadamente responsáveis. Redobre a limpeza e higiene, sinalize claramente o fluxo de saída e quais as opções que seus participantes têm para voltar às suas casas.
especial by OCLB Carol e Franklin