O produtor musical e DJ Rod B., é um dos artistas da música eletrônica brasileira de longe na atualidade, com mais milhagens internacionais.
A vida agitada e em diversos lugares do globo da fera podem dar vertigem em muitos.
Ele é um workaholic nato, mesmo iniciando tarde na carreira dentro da música eletrônica, conseguiu seu lugar ao sol, e tira da manga uma capacidade múltipla de envolvimento em diversos projetos importantes, especialmente no mercado internacional na contramão de muitos artistas brasileiros que nos idos dos anos 2.000 preferiram apostar em solo brasileiro.
Rod B. foi na contramão e é daquele que seguiu a célebre frase dita por Tom Jobim na década de 70:
“O caminho da música brasileira é o aeroporto”.
Em cima disso podemos dizer que os avanços e trabalhos constantes, além de consistência, tornaram Rod B. como uma das melhores exemplos de empreendedor, do Brasil no segmento de música eletrônica.
As vésperas de tocar na edição 2019 do festival Ultra de Miami, no palco Resistance (veja no: https://www.instagram.com/p/BvEPmiBg4Cd/), ele é ao lado da DJ Anna e de Rodrigo Vieira os três nomes brazucas do festival neste ano.
Conversamos com este multifacetado numa entrevista que você confere a partir de agora.
1.Fale um pouco do seu primeiro contato com a música no geral, e o contato com a música eletrônica?
Quando era adolescente ainda no Brasil comecei a fazer festas em clubs locais com meus amigos Marcelo Piui, Kiko e Saulo Ferraro… isso em 1994, nunca imaginei que um dia seria produtor musical formado pela SAE e DJ “internacional”. Hoo vida…
2.Onde aprendeu a sua técnica DJing? E como foi seu aprendizado na cultura clubbing vivenciada fora do Brasil?
Em 2004 ja em Miami , comprei um kit de turn tables “DJ in the Box” da Numark e comecei a frequentar as lojas de vinil locais do Sul da Florida , toda sexta-feira eu gastava em média cem dólares nas bolachas.
Devo muito a agradecer a Rafael Abi Ramia e André Sarate, pois era inicio de MSN e eles me davam dicas “virtualmente “ via web cam de como pitch match.
3.Você é um workaholic nato, fale para nós dos seus projetos e tours em Portugal, seu envolvimento como endorser e expert da marca Xone, e curadoria da Radio do Ulta Music Festival de Miami?
Vamos lá…
Portugal foi meio que um acidente pois costumo passar 1/3 do ano na Europa mas pouco ia a Lisboa mesmo minha família sendo portuguesa.
Resolvi estudar a origem dos meus avós e quando menos esperava fui convidado para ter uma residência mensal no club mais Underground de Portugal e uns dos melhores da Europa, o Kremlim Lisboa (tido como um dos melhores clubs do mundo anualmente no ranking da DJ MAG inglesa) .
Devo isso a confiança dos sócios Fernando e Filipe e o residente Dubtiger.
Agora divido meu tempo entre meu QG em Miami (tour nas Américas), onde eu resido, e base avançada em Lisboa (para tours na Europa).
XONE DJ foi o convite da companhia através dos seus diretores de Londres e Berlin (Adam & DJ specialist SpinnZinn ) após uma apresentação em um live stream da marca como convidado na ADE de 2017.
Eles já conheciam meu trabalho pois eu estava para participar de um projeto como “early ambassador “ do MODEL 1 e com o fim do projeto recebi o convite para ser “embaixador “ do novo mixer da marca o XONE PX5 e depois do XONE 96, como fã da marca aceitei o convite com muito orgulho.
UMF Radio e a Rádio do Ultra no qual eu “ toquei o barco ” durante três anos levando a marca que ate então só existia nos Estados Unidos para o Brasil para Dance Paradise e Ibiza para Ibiza Global Radio.
Na época eu era o locutor e produtor do programa.
Já tocava no festival e o convite veio direto do dono da marca através do diretor de marketing da época.
Atualmente o programa é transmito em mais de 50 países mas devido ao pesado calendário de festas tive que me afastar parcialmente do programa mas ainda continuo como colaborador.
Isto além de me apresentar em onze edições consecutivas do festival em Miami e outras quatro pelo mundo.
Este ano estarei me apresentando no palco Resistance pelo quarto ano seguido.
4.Qual sua visão de um produtor musical e DJ num mercado cada vez mais competitivo como o do Brasil?
Bem minha visão e bem complexa e até um pouco polêmica.
Mercado brasileiro infelizmente esta uma palhaçada no qual um DJ prefere gastar dinheiro comprando seu caminho do que realmente conquistando.
DJs estão virando investidores de eventos (para tocar) e os produtores de eventos virando DJ, gêneros musicais misturados para agradar a massa, não se importam em aprender a produzir pois, podem comprar track’s e ao invés de se educarem com cursos de engenharia de áudio preferem curso de marketing.
Antigamente DJ residente era aquele cara que tocava a noite toda quase um maestro, atualmente o DJ no Brasil virou quase um animador de festa no qual só se importa em trocar datas, qualidade musical na nova geração esta complicado.
Você vai numa festa e a mesma track e tocada três vezes, além de ter que fazer um line up e gigante para tentar atrair público.
Já o produtor musical, vejo como um guerreiro que muita vezes se rende a dinâmica do nosso mercado no Brasil, para fazer tracks para DJs ricos e assim conseguir ganhar algum dinheiro e ter uma chance de tocar.
Temos que tomar muito cuidado com quem nos misturamos pois uma vez a sua carreira manchada e muito complicado limpar o nome… eu poderia ficar o dia todo aqui falando o que realmente ocorre nos bastidores mas fica para uma próxima.
5.Qual o set-up atual do seu estúdio?
Gosto muito de usar ‘Analog” gear mas tenho que confessar que ando com uma agenda muito corrida e não tenho usado o quanto eu gostaria.
Tenho toda linha de equipamento da Aira Roland, SUB 37 , Elektron Rythen , Korg MD20, Arturia Bruit, Korg Keys , mixer XONE 96 , XONE PX5, tenho mais três vintage analog’s mixers do inicio dos anos 80 e 90, 2 Technics MG5 Special Edition Limited , caixas são todas KRK VXT 6 + Sub e 2 Rockit 6 somente para referência.
6.Qual a decisão mais importante na sua vida para dedicar-se a música de forma profissional?
Pegar um empréstimo de 25 mil dólares e me formar como engenheiro de áudio pela escola SAE de Miami em 2007.
Paguei o banco trabalhando como garçom em Miami e pedi demissão para viver e viajar o mundo como DJ e producer.
Lembro de alguns grandes DJs no Brasil na época me desmotivando e falando que estava jogando dinheiro fora pois não serviria para nada. Acredito que no momento eu tenha o dobro de Gigs que esses DJs ,mesmo sendo de estilo mais comercial e com mais de dobro de tempo da minha carreira (tenho apenas 11 anos de estrada)
Sem minha faculdade do SAE eu não estaria aqui…
7.A partir de que momento passou a planejar sua carreira? Recorreu a algum profissional para lhe orientar?
Iniciei a carreira com 28 para 29 anos (tarde), quer dizer não tenho tempo a perder mas ao mesmo tempo não curto esse marketing todo para DJ.
Acredito que você fazendo sua música é o melhor caminho para o crescimento sustentável e orgânico.
Chegar ao topo não é tão difícil o problema é se manter no topo.
Se você esta sempre a crescer você esta sempre a evoluir, nunca é tarde para iniciar e o céu e o limite.
Educação e o caminho do conhecimento, e conhecimento se torna sabedoria e com sabedoria você tem o poder … ninguém pode lhe tirar o você tem de melhor, integridade, sabedoria e educação.
Lógico que neste caminho fazemos muitos amigos e alguns se destacam como Carl Cox (logo no inicio me assinou no seu CD da Global Underground e tocava muitas músicas minhas), Rodrigo Vieira, Carlos Casanova, Trindade, Anderson Rago, Ricardo Flores, Claudio Miranda, Russel Fabish , Omar Peralta, Richard Weber, Roger Lyra, Pedro Nonato…
8.Descobrindo os meandros da profissão o que lhe motivou, qual foi seu maior desafio até aqui? Maior desafio: Não me vender, lutar pelo que eu acredito.
9.E o seu maior mind set no segmento até o momento, qual foi?
Music is the anwser.
10.Quais são os seus planos atuais?
Tenho alguns lançamentos solo em alguns grandes gravadores por vir, continuar em tour com minha festa Lost Frequency e focar nas minha gravadora, MUR Music , PopArt e DP Music.
11.Aonde quer estar nos próximos cinco anos?
Aqui aonde estou neste momento , voando ao redor do planeta.
12.Qual sua análise sobre o mercado atual de música eletrônica?
Atualmente bastante negativo infelizmente… corrupto, desleal e racista. Apenas uma realidade do mundo que vivemos.
Mas estamos aqui lutando pelo o que acreditamos, sem perder a fé e esperança
13.Quais os seus maiores diferenciais para o mercado de música eletrônica na sua visão?
Falar a verdade doa quem doer e ser honesto, não me importa quanto a pessoa tem para gastar mas se não tem caráter nao estará ao meu lado.
Ter o coração bom ao meu ver….
14.Qual foi seu primeiro disco?
Michael Jackson – Thriller
15.Qual foi a primeira música que te impactou de fato? Pode ser 2 ?
The Chemical Brothers “Hey Boy, Hey Girl” e System F, aka Ferry Corsten “Out of Blue”.
16.Tem algum hobby fora música?
Resgatar animais silvestres com problemas de saúde e reabilitá-los para soltar no meu quintal (moro num lago dentro de uma reserva florestal) resgato animais silvestres há 14 anos.
17.Um sonho já realizado na vida?
Realização profissional… eu estou sempre ajudando e nunca atrapalhando!
18.Um sonho a ser realizado?
Ter uma crew incrível comigo de pessoas talentosas e honestas e conseguir através do meu trabalho ter meu canto próprio nos 3 continentes que mais trabalho – Miami , Rio de Janeiro e Lisboa.
“ Team work makes the dream work ”.
19.Uma frase que resuma sua pessoa e lifestyle?
“Rock N Roll ”
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