Ouça e baixe aqui: https://umusicbrazil.lnk.to/Sandy1039
“Pra mim, como artista, seria impossível passar por esse período sem ser afetada de alguma maneira.
A nossa profissão é toda baseada na nossa capacidade (ou necessidade) de expressar o que a gente sente em forma de arte.
Mas, por algum motivo, quando eu pensava em compor, parecia que eu não conseguia ser completamente sincera ou suficiente.
Quando a gente escreve com um assunto em mente, a gente se limita um pouco, e eu não queria, de maneira alguma, me apoiar em clichês ou correr o risco de soar minimamente oportunista.
Por outro lado, acho que a arte, em suas diversas formas, ajudou a preservar um pouco a sanidade de muita gente durante esse ano, e comigo não foi diferente.
Filmes, séries, músicas, livros, artes plásticas… me tocaram de um jeito indescritível e que ajudou a acalmar o coração em diversos momentos.
E algumas canções específicas que eu já amava há muito tempo, de repente, se mostraram pra mim com um sentido completamente novo e inesperado.
Assim nasceu a necessidade de fazer esse EP.
‘Piloto Automático’, da banda Supercombo, que conheci quando fui jurada do programa Superstar; ‘Lua Cheia’, da banda 5 a Seco, da qual sou fã há anos, e ‘Tempo’, que gravei no meu álbum de estreia da carreira solo, redescobri e que, nesse momento, tomou um tamanho muito maior do que tinha quando a compus, há 11 anos.
Três músicas que viraram uma só, que se confundem uma com a outra, assim como as horas, os dias e os meses desse ano maluco.
Produzi em casa, com a família e com poucos músicos que gravaram à distância suas lindas participações.
Para ilustrar essas canções, convidei um artista chamado Thainan Castro, por cujo trabalho me encantei durante esse período, que me presenteou com essa obra tão sensível, delicada e simbólica.
Quando liguei pra meu amigo Douglas Aguillar (que me acompanhou e registrou todo o meu ‘ano de Sandy e Junior’) pedindo pra ele me ajudar a traduzir essas músicas em imagens, fomos à fazenda onde trabalha um amigo de infância e filmamos não um clipe, mas um sentimento, uma alegoria de todos os estágios de tormenta e calmaria — e tudo entre esses dois extremos — dos últimos meses, comprimidos em dez minutos e trinta e nove segundos.
Esse é o nome desse EP: ’10:39′.
Chamar de EP até soa estranho; está mais pra um convite pra que as pessoas dividam esses 10:39 comigo, pra gente respirar, pensar, refletir, se permitir sentir e tentar encontrar algum aconchego um no outro. Ainda que — por mais algum tempo — à distância”.