Mesmo antes de abrir os portões da Cidade da Música, no dia 2 de setembro, para sua primeira e histórica edição, o The Town já vem mostrando sua força e impacto social que, somada a contribuição de órgãos públicos, agentes sociais e do setor privado, pode ajudar a mudar a realidade das pessoas.
É o caso das 290 famílias da Favela do Haiti, que estão vivendo as transformações do projeto Favela 3D.
Em ação para imprensa realizada nesta quinta-feira, 24 de agosto, aconteceu a entrega da Praça Chicão – nome escolhido pelos moradores da Favela Haiti 3.
O espaço recebeu obras de infraestrutura, ganhou área de lazer e ficou mais colorido com o macro mural imersivo de grafite, “Raízes do futuro”, realizado pelo artista Wes Gama e pela comunidade.
O evento de inauguração contou com a presença do Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, da Vice-presidente de Reputação e Marca da Rock World, Roberta Medina, além de representantes de todos os parceiros – Gerando Falcões, Vozes das Periferias, Gerdau, Fundação Grupo Volkswagen.
Com o projeto, cerca de mil pessoas estão sendo impactadas por ações que promovem o fortalecimento comunitário, empregabilidade, empreendedorismo, capacitações profissionais e acompanhamento individualizado das famílias.
O projeto da nova Praça Chicão foi idealizado pela arquiteta Josiane Retzlaff e alunos voluntários da Escola da Cidade.
O conceito expressa o verdadeiro potencial do local, que representa a união da comunidade em prol do bem comum.
Agora, o espaço conta com dois decks de madeira, um palco para a realização de shows e um parquinho como nova opção de lazer para as crianças, com balanço, gangorra e até um divertido jogo de amarelinha pintado no chão.
A área da praça também passou por obras de canalização da rede de esgoto e pavimentação.
A reforma da Praça Chicão traduz de forma física a missão do Favela 3D: “colocar a pobreza no museu antes de Marte ser colonizado”.
Outro destaque para moradores e visitantes é o macro mural imersivo, “Raízes do futuro”, que dá novas cores e contornos para as fachadas ao redor da praça.
Uma apreciação artística em 360º, trazendo temas importantes para a história da comunidade, como a natureza que representa as origens haitianas, margaridas simbolizando as mulheres empoderadas, as crianças que viverão em uma favela Digna, Digital e Desenvolvida, além de animais de forma vibrante e colorida.
Na fase de projeto, foram utilizadas as informações coletadas a partir de rodas de conversas e oficinas com a comunidade, realizadas pelo Vozes das Periferias e Escola da Cidade.
Já na execução, aconteceram oficinas de paisagismo com os moradores, adultos e crianças, enquanto crianças e jovens aprenderam também técnicas de grafite.
A iniciativa faz parte do propósito “Por Um Mundo Melhor”, que conecta pessoas pela música e ajuda a transformar vidas a partir de causas.
Roberta Medina, Vice-presidente de Reputação e Marca da Rock World, empresa que criou e organiza o The Town e o Rock in Rio, falou sobre a importância da união entre os setores.
“O que estamos vendo acontecer aqui na Favela do Haiti mostra que quando existe vontade e união, podemos mudar a vida das pessoas e transformar nossas cidades e o mundo em um lugar melhor para todos nós. Isso está no DNA do Rock in Rio e também nos valores do The Town.
Não adianta a gente fazer uma festa bonita se a gente não cuidar da nossa cidade, se não cuidarmos das pessoas”, acredita.
Desenvolvimento Social:
Cenário:
– 32% da população é não alfabetizada.
– 1 a cada 5 crianças não estão na escola ou creche.
– 1 a cada 20 famílias não tem acesso à internet.
Resultados esperados:
– 290 famílias acompanhadas pelo programa decolagem.
– 100% do território com acesso à internet.
– 100% das crianças matriculadas em creches ou escolas.
– 100% da população alfabetizada.
Geração de Renda:
Cenário:
– 38% da população está em situação de desemprego
Resultados esperados:
– Zerar o desemprego para pessoas disponíveis (por meio de aceleração de empreendedores, trilhas de capacitação profissional e conexão com vagas de emprego)
– Combate à evasão escolar e inserção dos jovens no mercado com a formação de 52 jovens no projeto Jovem do Futuro
Urbanismo e Moradia:
Cenário:
– 97% das casas não possuem acesso regular a água
– 78% das casas possuem problema de ventilação/mofo e ligações elétricas com perigo de incêndio.
– 66% das casas são feitas de tijolo com revestimento. Enquanto 22% são feitas de tijolo sem revestimento e 8% são de madeira aproveitada. Além disso, 9% das casas não possuem banheiro exclusivo.
Resultados esperados:
– 100% das famílias com abastecimento de água (por meio de uma parceria com a Biosaneamento e a SABESP, onde iremos instalar caixas d’água para abastecimento do território até agosto e fazer a ligação delas com a rede regular de distribuição de água a partir de setembro)
– 115 Melhorias habitacionais e fachadas
– Construção de 21 sobrados sustentáveis
Um dos programas que será implementado é o Urbanismo Tático. Este é um modelo de intervenção no espaço urbano que busca respostas rápidas a problemas relacionados a espaço público, que supostamente exigiriam um processo longo e burocrático por parte do Estado para serem solucionados. Este modo de intervir consiste em ações pontuais de pequena escala que visam mudança de comportamento e de cultura a longo prazo.
Entre as novidades também está o Jovem do Futuro, que promoverá cursos para aperfeiçoamento de competências socioemocionais e técnicas com foco de preparação de jovens de 16 a 20 anos para o mercado de trabalho, que serão realizados em parceria com empresas e organizações locais. O objetivo será combater a evasão escolar e o trabalho infantil por meio da inserção dos jovens no mercado de trabalho e da garantia de que todos estão matriculados e frequentando escola. Já o Investimento Semente será um programa de investimento de até R$ 5.000,00 para implementação e reestruturação de negócios com o objetivo de desenvolver capital para investimento no empreendimento tais como capital de giro, fluxo de caixa, materiais e insumos. Outra ação é o Aceleração de Empreendedores, que vai apoiar os empreendedores no crescimento dos negócios oferecendo suporte e capacitação para moradores que já empreendem ou querem começar suas empresas, além de apoiar a regularização dos empreendimentos. O Rede Favela, outro programa criado para o projeto, vai visar a formação de lideranças comunitárias para fazer a gestão do território e manter a comunidade engajada.
Já o chamado Programa Decolagem constrói trilhas individualizadas de superação da pobreza para cada família, fomentando a autonomia das pessoas no processo de transformação. As famílias são atendidas em todas as suas complexidades. É realizado um acompanhamento familiar regular, seguindo uma metodologia também multidisciplinar e intersetorial, que viabiliza a emancipação da pobreza. Uma equipe profissional com atendimento técnico especializado é responsável por promover encaminhamentos das famílias para diferentes setores (público, Terceiro Setor e iniciativa privada) com ações em diversas áreas, como educação, renda, moradia, entre outras. Unindo gestão humana e tecnologia, por meio de levantamento de dados e acompanhamento frequente, o Programa Decolagem é o primeiro programa de graduação da pobreza urbana do mundo, focado em favelas, com monitoramento em tempo real, que traz maior assertividade na tomada de decisão, influenciando as políticas públicas de combate à pobreza e ações intersetoriais. Outro programa será o Participação Social, que garante que as organizações parceiras e os moradores da Favela do Haiti sejam envolvidos em todos os processos do projeto.