Primeiro lançamento, no dia 1º de setembro, é o antológico álbum “Nervos de Aço”, de Paulinho da Viola.
Universal Music Brasil, com seu insuperável catálogo, lança o “Clube do Vinil”, que será disponibilizado para o público a partir do dia 1º de setembro.
A novidade é mais uma ação inovadora da UMusic Store, plataforma de e-commerce da companhia.
O cadastro para os interessados já está disponível a partir de hoje (11) no site e as vagas são limitadas. Saiba mais em: https://digital.umusic.com/clube-do-vinil .
A curadoria do Clube do Vinil é feita por ninguém menos que o produtor, pesquisador e músico Charles Gavin (baterista dos Titãs) e os textos de todos os encartes dos álbuns são assinados pelo prestigiado crítico musical e jornalista Tárik de Souza, que revela detalhes e curiosidades sobre cada um dos discos.
O primeiro lançamento do Clube do Vinil é o antológico álbum “Nervos de Aço”, sexto disco de estúdio de Paulinho da Viola, lançado em 1973, que terá vinil na cor azul.
Em setembro, o segundo lançamento é o disco “Álibi”, de Maria Bethânia. Já para outubro, o Clube vai trazer o álbum “Sinal Fechado”, de Chico Buarque.
Nos meses subsequentes, já estão previstos lançamentos de álbuns de Maria Bethânia, Caetano Veloso, Cássia Eller, Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, Elis Regina, Nara Leão, The Rolling Stones, Nirvana, Sam Smith, entre outros grandes talentos da música brasileira e mundial.
“O Clube do Vinil foi criado para atender aos apaixonados por música e colecionadores de vinil, um produto que há algum tempo voltou a ser um objeto de desejo.
Para isso, buscamos trazer uma discografia bem diversa, com projetos de artistas notáveis, como o disco ‘Nervos de Aço’, do mestre Paulinho da Viola, que inaugura essa primeira safra de álbuns primorosos.
Ainda virão muitas outras obras icônicas que irão agradar tanto aos colecionadores do vinil quanto aos mais jovens, que têm mostrado interesse em ouvir músicas no toca-discos”, disse Paulo Lima, presidente da Universal Music Brasil.
Mas como vai funcionar o Clube do Vinil?
O número de associados será limitado, o que garantirá aos membros do clube acesso a produtos superexclusivos, como discos em vinis coloridos, entre clássicos do catálogo e novos projetos.
Junto ao vinil, o comprador receberá um encarte com o texto de Tárik de Souza.
Para se tornarem associados, os usuários poderão escolher entre o plano mensal (por R$ 169,90) e o anual (por 12x R$ 129,90).
Em ambos os planos os assinantes receberão em casa um disco de vinil por mês e sem pagar pelo frete, além de receberem 15% de cashback para a compra de outros produtos da UMusic Store.
Contudo, os assinantes do plano anual ainda terão como um benefício a mais o frete grátis para qualquer compra na UMusic Store durante o período de sua assinatura.
A Universal Music é detentora de um dos mais extensos catálogo da indústria fonográfica, incluindo os mais populares artistas e suas gravações realizadas nos últimos 100 anos.
rico e modernista
O disco “Nervos de aço”, de 1973, o sexto de sua carreira, foi um marco divisório na trajetória de Paulinho da Viola.
Lançado no show “Rosa de Ouro”, em 1965, estrelado por Clementina de Jesus e Aracy Côrtes, ao lado de bambas como Nelson Sargento, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Anescar do Salgueiro, Paulo Cesar Baptista de Faria, o Paulinho da Viola, carioca de Botafogo, conjuga duas tradições, bem aquinhoadas no repertório.
Uma delas é o choro, herdado do pai, o violonista César Faria, que integrou o conjunto Época de Ouro, fundado pelo mago Jacob do Bandolim.
Ele retine na rendilhada faixa “Choro negro”, parceria do solista com Fernando Costa, baixista do Terra Trio, habitual acompanhante de Maria Bethânia, na época.
Foi a estreia do, digamos, Paulinho do Cavaquinho, instrumento dedilhado por ele na música, que o levou ao show “Sarau”, responsável pelo renascimento do choro.
A outra vertente é o samba, que sempre correu em suas veias, no embalo de “Não leve a mal”, história de uma derrota de sua escola, a Portela, por conta do gigantismo da bateria.
Ou de “Nega Luzia”, bem humorada crônica de costumes de Wilson Batista e Jorge de Castro, lançada por Cyro Monteiro em 1956.
O pulsante conteúdo, é, por vezes, histórico, como na revisita a “Não quero mais amar a ninguém”, do afiado trio Cartola, Carlos Cachaça e Zé da Zilda, lançado por Aracy de Almeida em 1936, ainda sem o nome de Cartola entre os autores.
Ou “Sentimentos”, de Mijinha (irmão dos também requintados compositores Aniceto e Manacéa), um dos ases da Velha Guarda da Portela (que participa da faixa), lançada por ele em disco em 1970, antecipando o resgate dos veteranos cubanos do “Buena Vista Social Club”.
Mas há ainda a forma revolucionária, do Paulinho que habitou o lendário Solar da Fossa, em Botafogo, e conviveu com os futuros tropicalistas Caetano Veloso e Gal Costa, nas dissonâncias do tenso e audacioso “Roendo as unhas” (“meu samba não se importa se eu não faço rima/ se eu pego na viola e ela desafina”), onde a melodia parece presa num rodamoinho.
“Comprimido”, amplia o clima sombrio, encenando um episódio de guerra conjugal, que termina em suicídio: “era tarde demais quando ela percebeu que ele se envenenou”.
A etérea “Cidade submersa” flutua lenta, entre sopros em suspensão, enquanto o também desiludido “Sonho de um carnaval”, de Chico Buarque (citado na letra de “Comprimido”), resume a derrocada: “carnaval desengano/ deixei a dor em casa me esperando”.
Há ainda o clássico “Nervos de aço”, do título, (“eu não sei se o que trago no peito/ é ciúme, despeito, amizade ou horror”), de Lupicínio Rodrigues, mestre da desilusão amorosa, assunto de boa parte do disco – a começar pela impactante capa de Elifas Andreato, onde o discreto Paulinho aparece banhado em lágrimas, com um buquê de flores.
Foi lançado em 1947, pelo vozeirão de Francisco Alves, e ressurge em versão coloquial e dolorida de Paulinho, que o modernizou para a eternidade.
Tárik de Souza